Ação da Prefeitura no novo PSM sensibiliza cada vez mais famílias para a doação de órgãos

Doar órgãos é um ato de amor e solidariedade capaz de salvar muitas vidas. Para incentivar a tomada de decisão pelo ato, a Prefeitura de Belém investe na informação e na sensibilização no Hospital de Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti, o novo PSM, localizado na travessa 14 de Março. O trabalho é realizado pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) e apresenta resultados extremamente positivos: nos primeiros meses de funcionamento do novo PSM houve nove casos de morte encefálica e 67% desses pacientes se tornaram doadores.

Um dos casos que mais emocionou a equipe do Cihdott foi o de uma criança. "Em todos esses anos de trabalho, nunca testemunhei uma história como essa. Em vida, ele disse que queria ser doador de órgãos. E a mãe, em meio ao sofrimento, teve uma atitude nobre, de coragem, e atendeu seu pedido. Ele foi um pequeno grande herói. Inspirou e comoveu a todos no hospital, principalmente a nós, da equipe", conta assistente social Vanessa Pimentel. A doação de órgãos da criança ocorreu na última semana no novo PSM.

A sensibilização da família após a entrevista com profissionais da Cihdott do novo PSM fez com que a lista de espera por córneas e rins do Pará diminuísse. Segundo dados da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) no Pará, 1.085 pessoas esperam por doações de córnea e 932 por doações de rins.

“Após a reestruturação do serviço, temos investido grandes esforços na tentativa de aumentar os índices de doação de órgãos no Estado e assim contribuir para a diminuição da fila de espera por transplante”, informa a assistente social da Cihdott, lembrando os indicadores dos primeiros meses de trabalho após a reabertura do novo PSM. “A equipe obteve um indicador promissor nesses primeiros meses. Foram nove casos de morte encefálica. Destes casos, 67% dos pacientes foram doadores”.

Atualmente, a equipe conta com a atuação de duas enfermeiras, duas assistentes sociais e um médico. A equipe se dedica a melhorar a manutenção dos potenciais doadores e, deste modo, garantir a qualidade dos órgãos doados. A enfermeira Priscila Garcia conta que uma das maiores dificuldades no momento da entrevista com familiares de potenciais doadores é explicar sobre a morte encefálica. “Quando nós fazemos a entrevista com os familiares, nós explicamos que a pessoa infelizmente já está morta. A morte encefálica é a perda definitiva e irreversível das funções cerebrais, mas como elas ainda veem o coração batendo, acreditam que ainda há reversão”, revela a enfermeira.

Entre a dor da perda e a possibilidade de salvar outra vida, se envolver no luto acaba sendo inevitável para a também assistente social Ana Marly Ferreira, que atua desde a implantação da comissão no PSM. “Nesse momento de dor a gente se envolve com o familiar, e procura dar todo o suporte necessário a eles independentemente do posicionamento sobre a doação, mas quando eles são surpreendidos pela possibilidade de salvar outra vida doando os órgãos de alguém que amam, parece que o luto se torna menos pesado”.

De acordo com o diretor do hospital, Leonardo Lobato, a atuação da Cihdott dentro do novo PSM mobiliza primeiramente os servidores para que, a partir deles, os mitos sobre a doação sejam desfeitos: “Antigamente um doador de órgãos era identificado por um carimbo na identidade, que dizia que ele era doador de órgãos, mas a partir de 13 de março de 2001 a Lei 9.434 foi alterada e somente a família pode autorizar a doação de órgãos de uma pessoa e isso quase ninguém sabe, por isso a Cihdott atua em várias frentes para que tantos os servidores quanto os usuários estejam bem informados sobre o processo de doação”.

A Lei 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências.

Texto: Kezia Carvalho

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