A Prefeitura de Belém deu início nesta quinta-feira, 2, através da Secretaria Municipal de Educação (Semec), à segunda edição do Festival de Futsal para alunos da Educação de Jovens Adultos (EJA), no Ginásio Altino Pimenta. Dezenove escolas participam do campeonato, com cerca de 310 alunos inscritos. As categorias são divididas por idade, de 15 a 17 anos e de 18 anos em diante; e por gênero.
A prática esportiva como ferramenta educacional tem se mostrado um elemento fundamental para o desenvolvimento de crianças e adolescentes. E se trata de atrair jovens adultos para as salas de aula, o esporte se torna ainda mais importante e eficiente. “Através do esporte conseguimos reduzir o estresse desses alunos que estudam à noite depois de um dia inteiro de trabalho. O esporte trabalha a tranquilidade, a concentração do aluno, garante uma boa postura, enfim, traz inúmeros benefícios”, explica a diretora de Ensino da Semec, Socorro Aquino.
“O diferencial dessa segunda edição é que, por se tratar de um evento que já aconteceu anteriormente, percebo um entrosamento maior entre os alunos de todas as escolas, e esse convívio é fundamental. Também estamos com uma abertura bem bonita este ano e esperamos que isso estimule a participação das torcidas”, afirmou a diretora de Educação Física da Semec, Sonia Massoud.
A abertura do evento contou com desfile das escolas, hasteamento das bandeiras e, ainda, com a condução da tocha dos jogos pelo aluno da Fundação Escola Bosque (Funbosque) Isaías da Silva Duarte, que acendeu a pira, dando oficialmente início ao festival.
O evento segue até sexta-feira, 3, e premiará os dois primeiros lugares de cada categoria com medalhas e troféus. Para a melhor torcida, a premiação também está garantida, será material esportivo e troféu. Na disputa para se tornar a torcida campeã, a Escola Bosque estava levando vantagem no primeiro dia de evento. Com os alunos participando em peso e grito de guerra ensaiado, o ritmo da partida era comandado diretamente das arquibancadas.
A aluna Débora Costa, de 16 anos, era uma dessas torcedoras. Estudante da 3ª etapa da EJA, filha de mãe brasileira e pai guianense, Débora mora há três anos no Brasil e encontrou na Escola Bosque uma nova família pela qual torcer. “Eu vim aqui pra representar a minha escola, que se tornou a minha família. A minha escola é maravilhosa, o ensino é melhor do que na Guiana Francesa”, contou Débora, que está a cada dia mais afiada na língua portuguesa, mas nem tanto no futsal, por isso preferiu, dessa vez, ficar só na arquibancada. “Eu jogo muito mal, não ia dar certo”, disse.
Já para o aluno Daniel Júnior dos Santos Conceição, de 16 anos, da Escola Olga Benário, a competição tinha outro gosto. “Desde que soubemos dos jogos começamos a nos preparar e hoje vamos entrar para ganhar”, afirmou o estudante, que está na 7ª etapa da EJA. Para Daniel, que é apaixonado por futebol desde criança, o esporte é mais um estímulo para continuar na escola e construir um futuro melhor. “É um incentivo saber que fizeram um festival desses pensando na gente, e ter a oportunidade de jogar com os meus amigos”, afirmou.
No primeiro dia de campeonato, participaram as escolas Olga Benário, Escola Bosque, Abel Martins, João Carlos Batista, Ciro Pimenta, Palmira Lins, Florestan Fernandes, Remigio Fernandez, Alfredo Chaves, Paulo Freire, Amália Paumgartten, Padre Leandro, Lauro Chaves e Liceu Escola Mestre Raimundo Cardoso. Na sexta-feira, 3, será conhecido a grande campeã.
EJA – “Esse ano, estamos fazendo uma releitura da EJA, pois é uma modalidade de ensino muito importante, queremos ampliar o custo-benefício, o número de alunos e oferecer novas oportunidades”, destacou a secretária municipal de Educação, Rosinéli Salame. A atual gestão municipal se tornou pioneira ao levar turmas da EJA para alunos ribeirinhos. Hoje, são 150 alunos das regiões insulares de Belém que contam diariamente com barcos da Semec ou lanchas contratadas para levar e buscar os alunos nas unidades pedagógicas.
“Começamos nas ilhas com o Mova (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos), que alfabetizou esses alunos, e entendemos que era fundamental oferecer também a continuação desses estudos através da EJA”, afirmou Rosinéli.
A diretora de Ensino da Semec, Socorro Aquino, lembrou: "Até para se inscrever em um concurso público, eles precisam ter o ensino fundamental. Então, é essencial para que tenham um futuro profissional melhor".
Atualmente, Belém conta com 8 mil alunos na Educação de Jovens Adultos. Pessoas como Débora e Daniel, que encontram uma nova oportunidade de concluir o ensino fundamental e dar novos passos no seu caminho educacional.
Texto: Kennya Corrêa