O que antes era motivo de preocupação, hoje é motivo de orgulho, felicidade e novas esperanças. É o que relata a auxiliar de Serviços Gerais e avó de uma aluna diagnosticada com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), Vânia Gonçalves, na tarde desta quinta-feira, 5, ao participar de um encontro realizado pela Unidade Pedagógica Santo Agostinho da Aldeia, da Prefeitura de Belém, que debateu assuntos acerca da deficiência e novas técnicas adaptadas aos alunos que apresentam TEA.
“A minha neta tinha dificuldades para aprender devido não ficar quieta.Os professores não tinham paciência e ela não se adaptava a nenhuma escola, até que recebi ótimas referências das unidades de ensino municipais e decidi procurar a mais próxima para matricular a Clarissa, que hoje já consegue ter mais atenção e seguir uma rotina de estudos que muito vem contribuindo no seu desenvolvimento de aprendizagem e socialização, isso me deixa mais tranquila e despreocupada”, contou com lágrimas nos olhos, Vânia Gonçalves, ao lembrar o avanço que sua neta vem apresentando cotidianamente.
O encontro reuniu pais e professores que prestigiavam a palestra ministrada pelo Profº MSc Rafael Morais da Universidade do Estado do Pará (Uepa), com o tema “Transtorno do Espectro do Autismo”.
Durante o evento, foi possível trocar experiências vivenciadas dentro de sala de aula e tirar dúvidas. Além disso, o encontro ainda foi propício para que novos métodos de ensino fossem apresentados, como o ensino estruturado baseado no Programa TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Comunication Handicapped Children) que significa “Tratamento e Educação de Crianças com Déficit de Comunicação”.
O programa surgiu nos Estados Unidos e ainda é pouco adotado no Brasil, mas já vem sendo desenvolvido na Uepa com crianças autistas, algumas delas da rede municipal que já apresentam um bom desenvolvimento na aprendizagem e comportamento.
“Queremos estender esse programa aqui em Belém e agradeço a oportunidade que estou tendo aqui na UP, de ministrar e trocar vivências com professores da rede municipal que já mostram um domínio sobre o conteúdo em debate. É encantador escutar as histórias vividas e as diversas maneiras estratégicas de lidar com alunos com certos tipos de deficiência, como é o caso do autismo aqui relacionado. Todo esse conhecimento também vem da soma dos recursos que a Prefeitura de Belém vem investindo na educação especializada, e tenho certeza que o programa só contribuirá mais ainda para o ensino de qualidade oferecido às nossas crianças autistas”, destacou o palestrante Rafael Morais.
O objetivo fundamental do Programa TEACCH é auxiliar a criança com a deficiência a crescer da melhor maneira possível de modo a atingir o máximo de autonomia na vida adulta, usando, para isso, componentes visuais e estruturação ambiental.
Para facilitar a compreensão dos professores sobre o programa, foram apresentados vídeos de alunos com TEA e suas características e também recursos e objetos que podem ser trabalhados durante as etapas do programa que consiste nas habilidades estratégicas de aprendizagem e socialização destes alunos.
A professora da turma do Jardim II, Maria Martins, aproveitou o momento para apresentar teoricamente, a evolução do seu aluno com TEA, Andrew Luis. “Ao chegar aqui na Unidade Pedagógica, o Andrew não conversava e nem brincava com os coleguinhas, ele vivia um mundo muito dele, isolado de todos. Depois dos investimentos realizados em prol da educação inclusiva, hoje o nosso aluno já senta, consegue prestar atenção na aula e até troca conhecimentos com seus colegas, mas confesso que esta educação de qualidade oferecida aqui não seria possível sem o apoio que recebemos através da sala de recursos e as visitas dos estudantes no Crie”, ressaltou.
Andrew Luis, de apenas 5 anos, é um dos 300 alunos da Rede Municipal diagnosticados com Transtorno do Espectro do Autismo, que recebem apoio especializado da Prefeitura de Belém, e que vem apresentando um quadro evolutivo notório.
Além das aulas regulares, esses estudantes frequentam o Centro de Referência em Inclusão Educacional Gabriel Lima Mendes (Crie) três vezes por semana para receber o Atendimento Educacional Especializado nas salas de recursos multifuncionais com fonoaudiólogos, psicopedagogos e outros profissionais.
Avanço- Atualmente, das 73 escolas de ensino infantil e fundamental de Belém, 50 possuem as salas de recursos multifuncionais onde, duas vezes por semana, o aluno é atendido por equipes formadas por psicólogos, fisioterapeutas e pedagogos que juntos desenvolvem atividades e projetos em prol dos alunos a fim de que seus limites sejam superados e que suas habilidades pessoais sejam cada vez mais estimuladas.
Mas a preocupação da Prefeitura de Belém com a inclusão vem desde a estrutura das escolas municipais. Além das salas multifuncionais, os alunos ainda contam com rampas de acesso e placas sinalizadoras.
Essa soma de recursos e o desenvolvimento positivo dos alunos com deficiência vêm qualificando a educação inclusiva em Belém, o que se reflete na satisfação de pais e alunos que migram para a rede municipal. Em 2013 o número de alunos com deficiência era pouco mais de 400. Em 2016 este número dobrou para 2 mil estudantes com algum tipo de deficiência.
Texto: Natasha Albarado
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								