Alberto Ferreira, 25, conheceu as drogas na escola, aos 13 anos. Por causa dela parou de estudar, saiu da casa dos pais, no bairro da Pedreira, e morou por mais de uma década na rua. No final da tarde desta quinta-feira, 28, quando Alberto retornava para o novo lar, a Casa Abrigo para Moradores Adultos de Rua (Camar II), localizada na rua Ó de Almeida, foi surpreendido por técnicos do Programa Belém pela Vida, que o convidaram para participar da ação de assistência social e saúde, chamada “Rua de Direitos”, projeto promovido pela Prefeitura de Belém. A ação foi realizada das 16h às 20h na avenida Presidente Vargas e atendeu mais de 80 pessoas.
“Estou apenas há 14 dias no abrigo, mas morei uns dez anos na rua. Até que chegou um dia que me cansei da vida que eu estava levando e da forma como as pessoas me olhavam. Eu vivia igual um cachorro, passava dias e dias sem tomar banho. Então, decidi mudar de vida”, contou Alberto, que aproveitou ação para escolher algumas roupas que estavam sendo doadas, fazer o exame rápido para HIV/Aids e passar por avaliação bucal.
O “Rua de Direitos” é uma iniciativa pioneira do Programa Belém Pela Vida. Proporciona ações intersetoriais com a oferta de serviços públicos que impactam na vida de usuários abusivos de álcool e outras drogas, para a superação das dificuldades clínicas, sociais e/ou, quando possível, à reflexão das condições de vida. “Não podemos sair levando todas essas pessoas em situação de rua para os abrigos. Apenas podemos convidá-los, porque precisamos do consentimento para levá-los. Por isso resolvemos trazer os direitos deles até eles, com essa ação que une os serviços de assistência social e saúde”, explicou a coordenadora do programa, Simmy Tobelem.
Foram disponibilizados ainda vacinação, serviços de testagem de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e para tuberculose; avaliação e orientação nutricional; avaliação odontológica; e avaliação clínica. Já no campo da assistência social, foram realizadas as abordagens nas ruas no entorno da ação, preenchimento de fichas cadastrais das pessoas em situação de rua e a apresentação e convite para os serviços municipais de amparo, como o Camar, o Centro Pop e o Centro de Referência Especializada de Assistência Social (Creas).
Foi em uma ação de abordagem semelhante a essa, na praça Magalhães Barata, na Campina, que Alberto pediu ajuda para a Fundação Papa João XXIII (Funpapa) e foi acolhido na Camar II. “Eu percebi que ainda estou novo e que nada acabou para mim. Agora estou recebendo toda a ajuda da Funpapa para ter uma nova vida. Estou até tirando meus documentos para poder buscar um emprego”, disse o jovem. “Agora o meu sonho é um conseguir um trabalho de carteira assinada”, revelou, emocionado. O próximo local a receber a iniciativa será o Ver-o-Peso, em maio.
O projeto é desenvolvido em parceria com a Secretaria de Saúde (Sesma), a Guarda Municipal de Belém (GMB), o Comando de Policiamento da Capital – CPC/ 2º Batalhão da Policia Militar do Estado do Pará, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará (CBMPA), a Secretaria de Saúde Pública (Sespa), a 1º Regional de Saúde, a Superintendência de Mobilidade Urbana (Semob), a Secretaria Municipal de Economia (Secon) e a Universidade Federal do Pará (UFPA).
Belém Pela Vida – O programa foi lançando há dois anos, visando garantir uma nova politica de ações articuladas desde a prevenção, busca ativa de pessoas em situação de rua, até a internação de dependentes químicos. A política prevê, a partir de estudo técnico, o modo de atuação e articulação das redes de serviços no atendimento aos usuários de drogas, estando estes ou não em situação de rua, com sofrimento ou transtorno mental, no município de Belém.
Assistência social, saúde, educação, esporte, cultura e lazer, defesa social e geração de emprego e renda são as políticas envolvidas diretamente neste atendimento, que conta com apoio de diversos órgãos estaduais, federais, organizações não governamentais, entidades religiosas e conselhos de direitos.
A sede do Belém pela Vida fica localizada na avenida Governador José Malcher, 453, entre as travessas Benjamim Constant e Rui Barbosa.
Texto: Andreza Carvalho
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								