História de Belém entre os séculos XVII e XX é tema de palestra no Mabe

As principais mudanças ocorridas na cidade de Belém ao longo dos séculos XVII, XVIII, XIX e XX foram o tema de uma conferência ocorrida na noite desta quinta-feira, 07, no Museu de Arte de Belém (Mabe), localizado no Palácio Antonio Lemos. Realizado em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), o evento inseriu-se na programação comemorativa pelos 400 anos de Belém, transcorridos no último dia 12 de janeiro, e contou com a participação de estudantes e pesquisadores, sobretudo da área de História.

Os dois conferencistas da noite foram os professores doutores da Faculdade de História da Universidade Federal do Pará (UFPA), Rafael Chambouleyron, que falou especificamente sobre a experiência de formação da Belém colonial, nos séculos XVII e XVIII; e Maria de Nazaré Sarges, especialista no período de virada entre os séculos XIX e XX, conhecido como Belle Époque, quando a cidade experimentou um amplo processo de desenvolvimento econômico, alavancado pela pujante economia gomífera.

Chambouleyron abordou o desenvolvimento da Belém colonial a partir, principalmente, da sua relação com o próprio interior amazônico, onde se fazia, por exemplo, a exploração das chamadas “drogas do sertão”, e com o além-mar, por meio das intensas relações com a metrópole portuguesa e com o próprio continente africano, de onde, já em meados do século XVIII e XIX, milhares de escravos foram trazidos para abastecer o mercado de mão de obra, não só na Amazônia, mas em todas as regiões brasileiras. “É importante entender Belém como um eixo centralizador dessas relações, tanto as que vinham do interior, dos chamados sertões, como as que ultrapassavam as fronteiras do litoral, no caso, com Portugal, naturalmente, e, um pouco depois, com a África”, destacou.

Já a professora Maria de Nazaré Sarges mostrou como a cidade se desenvolveu no período conhecido como Belle Époque, quando experimentou grande crescimento econômico, graças aos recursos advindos da economia da borracha. Mostrou o surgimento das grandes avenidas, boulevares, primeiros edifícios, teatros, cafés, e toda uma vida cultural claramente inspirada no que havia na Europa. “Belém era o ponto de escoamento da produção da borracha, por isso, os administradores entendiam que ela precisava ser uma cidade atraente, moderna e segura, sobretudo para esses investidores”, pontuou. Contudo, segundo Sarges, nem todos os moradores da cidade àquela época usufruíram das riquezas geradas pela borracha.

A presidente do IHGP, Anaíza Vergolino, explicou que a programação em parceria com a Prefeitura de Belém seguirá até outubro, ainda em comemoração pelos 400 anos da capital paraense, sempre tendo um viés acadêmico e formato de conferências, palestras, debates. Na próxima semana, o Mabe será palco de uma conferência sobre a geografia da cidade de Belém nesses 400 anos.

Vergolino também adiantou que, no próximo dia 4 de maio, em comemoração aos 116 anos do Instituto, o IHGP, cuja sede é o conhecido e histórico Solar do Barão de Guajará, no bairro da Cidade Velha, ficará de portas abertas para o público e vai expor acervo documental, de mobílias e fotográfico, peças importantes da própria entidade.

Texto: Elck Oliveira

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