Prato típico da gastronomia do Pará, o peixe frito com açaí é quase unanimidade na escolha dos paraenses, por isso mesmo, em votação realizada no final de 2015, foi eleito o prato símbolo dos 400 anos da capital. E quando chega a hora de escolher onde saborear o mais tradicional prato da culinária paraense, a missão também não parece tão difícil, a feira do Ver-o-Peso é uma das primeiras opções dos turistas e belenenses. “Pensou em peixe frito, a gente lembra logo do Ver-o-Peso”, comenta o motorista Helder da Cruz Rodrigues, de 31 anos.
Morador do município de Tomé Açu, no Pará, sempre que vem a Belém, Helder gosta de levar a família para comer peixe na maior feira ao ar livre da América Latina. A barraca escolhida pode até variar, ele afirma que todas são excelentes – o espaço conta com 54 boieiras, como são conhecidas as cozinheiras do local -, mas do Ver-o-Peso, ele não abre mão.
O trabalhador autônomo Nonato Barros, de 43 anos, assim como Helder, é um apaixonado pelo prato. Há oito anos trabalhando próximo ao Mercado, ele faz questão de comer a especialidade da casa todos os dias. “Frequento aqui de segunda a sábado, e fica cada vez melhor”, afirma.
Uma das barracas preferidas de Nonato é o box da Lúcia, comandado pela boieira Lúcia Torres, vencedora do concurso Ver-a-Boia, realizado em janeiro deste ano pela Faculdade Estácio com apoio da Prefeitura de Belém, um projeto que visa capacitar e oferecer novas oportunidades às boieiras do Ver-o-Peso.
“Eu trouxe toda a minha família para o Ver-a-Boia e todos adoraram o peixe ‘sabor paraense’ que ela fez”, conta Nonato. Dona Lúcia explica que o prato campeão consiste em um filé de dourada frita com creme de castanha do Pará e farofa de jambu com camarão. A inspiração para o prato surgiu ainda durante o curso de capacitação que aconteceu de 11 a 15 de janeiro no Instituto Mix, e beneficiou dez boieiras Além da capacitação, elas puderam trocar experiências com renomados chefs da culinária local.
“Pra mim foi um momento de renovação. Aprendi a ter uma estrutura de trabalho diferente, organizar melhor a cozinha, a higienização, melhorando também o serviço e o atendimento. Tudo isso eu aprendi lá”, ressalta Lúcia que, como vencedora do concurso teve direito a uma passagem aérea para São Paulo. “Tive a oportunidade de participar do Comida de Chef em Belém, conhecer vários chefs, e agora vou participar do Comida de Chef em São Paulo”, destaca ela, que começou a trabalhar no Ver-o-Peso 20 anos atrás vendendo churrasquinhos e só depois de quatro anos de trabalho descobriu o talento como cozinheira. Hoje, Lúcia revela que se sente realizada. “Eu amo o meu lugar de trabalho”.
A segunda colocada no projeto Ver-a-Boia foi Eliana Ferreira, que com uma versão paraense da paella – tradicional prato espanhol –, conquistou o paladar de grande parte do público. “Leva mariscos, como pata de caranguejo, camarão seco; tucupi e caldo de turu”, explica sobre a “paella cabocla”.
Há 28 anos trabalhando no Ver-o-Peso, Eliana já têm clientes fieis, e afirma que quem come seu peixe frito com açaí, sempre volta. A assistente social e servidora municipal Brenda Passos, concorda. “Em lugar gostoso a gente sempre volta. É a segunda vez que venho comer no Ver-o-Peso, e todas as duas foi aqui no box da Eliana”.
“A clientela vem aumentando muito nos últimos tempos, são cerca de 50 refeições por dia, e nas sextas e sábados esse número aumenta. Já fui até contratada para fazer comida para eventos”, comemora Eliana Ferreira. “Pra mim é muito prazeroso sair da minha casa e vir trabalhar aqui. Tem o estresse normal de todos os trabalhos, mas é muito gratificante e tenho meu dinheiro todos os dias”, conclui.
Serviço: Os boxes de refeição do Ver-o-Peso funcionam de segunda a sábado, de 11h às 15h.
Texto: Kennya Corrêa
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								