Nesta segunda-feira, 15, é comemorado o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. A data foi instituída em 2006, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa, e busca criar uma consciência mundial, social e política de combate à violência contra a pessoa idosa.
De acordo com o Estatuto do Idoso é considerado violência contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano, sofrimento físico ou psicológico. Em Belém, de 2009 a 2015, foram registrados 139 casos de violência contra o idoso, de acordo com dados levantados pela Referência Técnica de Prevenção de Violência e Acidentes da Secretaria Municipal de Saúde (NupVid/Sesma) junto aos estabelecimentos de saúde do município. A maioria dos casos é de negligência, abandono, violência física e psicológica. Em 46,5% dos casos, o agressor é o filho (a) e 94,8% da violência ocorrem dentro de casa.
Segunda a coordenadora do NupVid/Sesma, Maisa Moreira, os dados ainda não refletem a realidade, porque a violência praticada contra os idosos muitas vezes é omitida aos profissionais de saúde. “É comum, ao dar entrada nos serviços de saúde, os familiares relatarem que a pessoa idosa sofreu uma queda em função da sua fragilidade. Percebemos também a presença do medo, que leva a pessoa idosa a confirmar a versão da família. Desta forma, os serviços de saúde acabam não realizando a notificação por falta de confirmação”, esclarece a psicóloga.
Na maioria dos casos a violência é praticada pelos filhos. Para a coordenadora isso pode ser explicado por um vínculo familiar pobre, um alto nível de sobrecarga (muitos filhos trabalham o dia todo), dependência do idoso em função das doenças adquiridas e a falta de recurso para que os familiares contratem um cuidador.
“Quanto mais velho é o idoso maior a probabilidade de sofrer a violência. Os dados nos apontam que a violência ocorreu em sua maioria com idosos partir dos 70 anos, ou seja, quando a pessoa começa a perde sua independência”, alerta.
Em alusão à data, todos os serviços da Rede Assistencial da Secretaria Municipal de Saúde de Belém estarão fazendo um minuto de silêncio por todos os idosos vítimas de violência.
Sistema de saúde municipal incentiva o envelhecimento ativo e autônomo – Belém hoje tem cerca de 130 mil idosos, quase 9% da população. A maioria está concentrada nos bairros do Guamá, Marco, Pedreira, Marambaia e Jurunas. A Sesma tem, atualmente, 85 mil idosos cadastrados em toda a rede, o que inclui as Unidades Municipais de Saúde, as Estratégias Saúde da Família e Casa de Saúde do Idoso.
“Belém está anualmente consolidando o aumento da expectativa de vida da população idosa. É um fenômeno denominado ‘transição demográfica’, na qual o envelhecimento populacional significa que há uma melhora nas condições de vida e na qualidade de vida de idosos”, explica a diretora do Núcleo de Promoção à Saúde da Sesma, Diene Keli.
Para atender cada vez melhor quem já passou dos 60 anos, a Sesma tem implantado em todas as suas unidades de saúde o Programa Saúde do Idoso, que está atrelado à Política Nacional de Saúde do Idoso. “O programa visa garantir a promoção da saúde deste grupo populacional. Hoje, em nossos serviços de saúde, procuramos planejar as ações com foco na autonomia e na proteção da saúde de idosos por meio de práticas assistenciais, preventivas e de promoção da saúde”, esclarece Keli.
No programa, são realizadas consultas individuais ou em ações coletivas para que os idosos sejam avaliados de uma forma global. “Com isto, nossos serviços de saúde oferecem diariamente preenchimento de carteirinha de idosos, campanhas de vacina, oficinas de artesanato, oficinas de memória, passeios e formação de grupos culturais de idosos, entre outras ações que incentivem a participação cada vez maior no programa”, diz Kelli.
Belém também tem o diferencial de ser a única cidade no Pará a ter uma Casa de Saúde do Idoso, implantada e mantida pela prefeitura. Com 15 anos de fundação, a Casa de Saúde do Idoso funciona em sede nova, na Avenida José Malcher, no bairro de Nazaré. Atualmente, o espaço contabiliza cerca de 10 mil pessoas matriculadas e registra diariamente cerca de 800 atendimentos com médicos especialistas, todos realizados gratuitamente.
Texto: Paula Barbosa
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								