“O trabalho com famílias no lixão do Aurá”, projeto desenvolvido pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Aurá, da Fundação Papa João XXIII (Funpapa), conquistou o primeiro lugar do Prêmio Boas Práticas de Gestão/Congemas 2015, na categoria Serviços Socioassistenciais Metrópole. O prêmio identifica e dissemina práticas bem sucedidas que contribuam para o aprimoramento do Sistema Único de Assistência Social (Suas), em todo o país.
A premiação das iniciativas sociais vencedoras ocorreu em uma cerimônia nesta quarta-feira, 29, durante o XVII Encontro Nacional do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas), que acontece até 30 de abril, em Fortaleza, Ceará. A presidente da Funpapa, Tonya Pinheiro, acompanhada de equipe técnica, representou no evento os envolvidos no projeto e recebeu o prêmio.
Dirigido à população do Aurá, onde centenas de famílias vivem da triagem de materiais recicláveis no lixão, o projeto teve ações pensadas e planejadas estrategicamente para atender necessidades específicas da comunidade. Em parceria com outros órgãos municipais, a equipe multidisciplinar da prefeitura buscou conhecer melhor a estrutura familiar para promover a inclusão destas em programas sociais de renda mínima, qualificação profissional e encaminhamento ao mercado de trabalho.
“Essa é mais uma conquista do avanço significativo na política de assistência social do município de Belém. Agora é preciso concretizar ainda mais esse resultado. Queremos melhorar para reforçar o atendimento à população vulnerável. A assistência social é um direito de todos nós”, pontua Tonya Pinheiro.
Em 2014 o trabalho desenvolvido com a população em situação de rua pela Funpapa, foi reconhecido como destaque nacional e recebeu o prêmio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social pela boa prática.
Atendimento
O Cras atua como principal porta de entrada do Sistema Único de Assistência Social e é responsável pela organização e oferta de serviços da Proteção Social Básica em áreas de vulnerabilidade e risco social. Em Belém, as 12 unidades do equipamento social são gerenciadas pela Funpapa.
“Tem coisas que dentro de casa não temos tempo para fazer e aqui acaba virando um encontro de família. Meus quatro filhos e irmãs participam”, conta a dona de casa Lia Pamplona, de 32 anos, que já trabalhou como catadora no lixão do Aurá, onde recebeu apoio assistencial e, hoje, participa de atividades no Cras do bairro. Segundo ela, a família participa de passeios, grupos de conversa e eventos que influenciam diretamente na educação dos filhos, conhecimento de direitos e nas relações dentro e fora de casa.
Talisson da Silva Araújo tem apenas 13 anos, mas já pensa em oferecer um futuro melhor para a família. “Meu avô trabalha há cinco anos no lixão. Já ajudei ele algumas vezes, mas é muito perigoso e não quero isso pra minha vida. Quero estudar e ser alguém melhor na vida, dar orgulho pra minha família”, conta. O adolescente passou por diagnóstico social realizado por educadores e assistentes do Cras dentro do serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif), conjunto de ações que visa fortalecer a função das famílias, com acesso a direitos para melhoria da qualidade de vida. O serviço é executado em todas as 12 unidades da capital paraense.
Texto: Denise Soares
