Esporte sem Barreira tem mais cinco convocados para Seleção Brasileira

A possibilidade de fazer parte da Seleção Brasileira de Futsal de Surdos levou cerca de 50 atletas de Belém e outros dois municípios do interior do Estado a participar das seletivas realizadas durante o final de semana no ginásio do Sesi, na capital. A equipe técnica da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS) avaliou desde os fundamentos básicos do esporte, o condicionamento físico e o trabalho tático até chegar a 14 jovens que participaram de um jogo treino com a Seleção Brasileira principal.

Renan Silva, Geovane Lima, Josimar Diniz, Luciano Aranha e João Batista foram os selecionados para integrar a Seleção sub 21. Todos têm entre 15 e 20 anos de idade e fazem parte do Programa Esporte Sem Barreiras, da Prefeitura de Belém, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Esporte, Juventude e Lazer.

Josimar, de 17 anos, foi um dos que mais chamou a atenção da equipe técnica. Ele perdeu a audição ainda bebê por conta de uma meningite e nunca se aceitou muito bem a condição de surdo. Maria de Nazaré Diniz, mãe de Josimar, acompanhou a seletiva da arquibancada e contou que foi preciso muita conversa para fazer o jovem entender que a surdez não o fazia diferente de ninguém, mas que essa compreensão só chegou mesmo quando ele passou afazer parte do Esporte Sem Barreiras. “Ele se achava excluído e quando soube do Programa através de amigos teve uma mudança muito grande. Ele ficou mais sociável em casa, na escola e muito mais responsável. Não falta aos treinos e está se preparando para o vestibular”, conta.

Outros quatro atletas, também do Esporte Sem Barreira, foram pré-selecionados para uma futura convocação, mas ainda precisam melhorar em alguns aspectos físicos e técnicos. Há ainda a possibilidade de dois atletas com idade acima de 21 anos serem chamados para fazer parte da Seleção principal porque se destacaram entre os que participaram da seletiva.

Agora a Sejel, através do Esporte Sem Barreiras, tem oito atletas que fazem parte da Seleção Brasileira: quatro na principal e quatro na sub 21. Para o professor Márcio Cerveira, técnico da Sejel e técnico da Seleção sub 21 é gratificante ter resultados tão bons. “A maioria das pessoas não acredita que o poder público possa fazer alguma coisa diferente e em pouco menos de dois anos mostramos que é possível, sim. Conseguir essa seletiva aqui em Belém mostra que estamos com credibilidade. Somos o único Estado que trabalha iniciação com jovens e a tendência é que daqui a um ano, um ano e meio nós possamos ter mais alunos novos, grandes talentos vindos da rede pública de ensino e possamos semear cada vez mais, a ideia da inclusão através do esporte, que é nosso maior objetivo”, explica o professor Cerveira.

Para Mauro Amâncio, técnico da Seleção Brasileira de Futsal de Surdos e Diretor de Esportes da CBDS, o trabalho feito pela Prefeitura de Belém através da Sejel, deveria ser realizado em todo o Brasil. “Belém é um exemplo no esporte para surdos, principalmente através do futsal, porque eu desconheço em todo o país quem tenha um trabalho rotineiro onde os atletas possam aprender não só a técnica e a tática, mas os valores de vida”.

Mauro afirma ainda que tem se empenhado pessoalmente em divulgar os bons resultados conseguidos em Belém. “O trabalho feito aqui pra mim já é um exemplo e tenho levado isso e mostrado para secretários de outros estados e cidades que é possível fazer um trabalho de qualidade e de resultados, mesmo com toda a exclusão que os surdos sofrem, já que o futsal não é considerado esporte olímpico nem paralímpico. Então, por que os outros não fazem? O Esporte Sem Barreiras já é exemplo, já é modelo e quanto mais eu puder divulgar esse trabalho eu vou fazer”, garantiu o técnico.

Texto: Fabiana Cabral

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