Será licitada nos próximos dias a obra de reforma completa do complexo do Jurunas, um dos mais tradicionais e procurados da capital, localizado no cruzamento das avenidas Fernando Guilhon e Bernardo Sayão.
O projeto finalizado está orçado em mais de R$ 9 milhões e já foi encaminhado à Comissão Permanente de Licitação da Prefeitura de Belém. O edital deve sair em breve.
No projeto, está incluída, por exemplo, a recuperação total dos pisos, coberturas, instalações elétricas e hidráulicas, dos boxes e a instalação de uma câmara frigorífica.
Medidas emergenciais em prol do Complexo, construído em 1993, vêm sendo realizadas pela prefeitura, entre as quais a revitalização de toda a calçada da avenida Fernando Guilhon, eliminando poças de lama, assim como o reforço na estrutura de ferro do telhado, que estava comprometida e na iminência de desabar.
Finalizada a reforma completa do local, os trabalhadores que atualmente estão localizados na parte externa serão remanejados para dentro do Complexo, garantindo assim conforto e segurança a todos.
Movimentação – O Complexo de Abastecimento do Jurunas atrai moradores de vários bairros, além de ribeirinhos e, ainda, agricultores familiares vindos do interior do Estado, que vendem sua produção nas feiras da capital para comprar outros produtos e abastecer suas comunidades.
A conversa entre as pessoas, o corre-corre dos fornecedores, o vai e vem de cães e gatos pelos corredores e o cheiro de tudo um pouco, fazem parte da atmosfera do local.
A feira do Jurunas teve início em meados dos anos 60, com a movimentação dos ribeirinhos, que se reuniam no local para vender seus produtos. Com o crescimento das casas comerciais, a feira foi se expandindo ao longo da então rua Conceição, hoje Fernando Guilhon. No ano de 1993, numa área onde funcionava um curtume foi construída uma nova feira, denominada Complexo de Abastecimento do Jurunas.
Hoje, o Complexo é formado por cerca de 400 permissionários que trabalham na parte interna, e 46 trabalhadores que exercem as atividades na parte externa.
Antes mesmo do Complexo ser construído, João Ferreira dos Santos, de 63 anos, já trabalhava com a venda de vísceras no bairro. Com 40 anos de profissão, ele é considerado um dos feirantes mais antigos do local e viu de perto o crescimento da área.
“Sempre trabalhei na feira, com a venda de vísceras. É um trabalho bom, que dá um bom dinheiro. Foi com esse trabalho que criei meus seis filhos e mantenho minha família até hoje”, comemora.
Para ele, o melhor aspecto do trabalho é poder lidar com o público. “Aqui, a gente conhece muitas pessoas, é animado, sempre estamos conversando. Tenho fregueses fiéis, que só compram vísceras comigo. Gosto do que faço”, relata.
Vendedor de polpa de frutas e gelo há doze anos, Silvaildo Baía, mais conhecido como Baía, de 37 anos, é hoje o presidente da Associação dos Feirantes do local. Para ele, a reforma geral no espaço e o reforço na segurança são medidas essenciais para o Complexo do Jurunas.
Entre os setores de comercialização da feira estão os de hortigranjeiros; industrializados; lanches; refeições; mercearia; farinha; ervas medicinais; serviços; carne bovina; carne suína; frango abatido; peixes; camarão fresco e caranguejo.
O agricultor familiar Daniel Carneiro de Barros, de 43 anos, é do município de Bujaru e a cada duas semanas, pelo menos, costuma percorrer cerca de 300 quilômetros até a capital para vender a produção da comunidade, principalmente fardos de farinha, cacau e cupuaçu. Com o que consegue lucrar, ele compra alimentos para levar de volta à sua região.
“Aqui, a gente vem em busca de comida. Carne, vísceras, peixe. A viagem é cansativa, mas a gente precisa disso aqui. Uma reforma aqui na feira será muito bom”, ressalta.
Texto: Dandara de Almeida
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								