Um pedaço da Amazônia nativa no centro da capital paraense e cartão postal de Belém com cerca de 15 hectares. Esse é o Jardim Zoobotânico Bosque Rodrigues Alves, que dezesseis anos após o último censo florestal passa, neste mês de julho por novo inventário. A intenção é descobrir, com dados científicos, o número preciso de árvores nativas presentes no espaço.
O trabalho está sendo realizado pela Prefeitura de Belém, através da secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), em parceria com a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e a empresa Eco Florestal.
No último inventario, feito em 1998, o espaço tinha cerca de quatro mil árvores, de 340 espécies. “Certamente esse número mudou bastante devido à sucessão florestal, que é um processo natural que existe na floresta, onde vegetais morrem e um número maior nasce. Hoje, acreditamos que o Bosque deve ter cerca de 10 mil árvores”, estima a engenheira florestal da Semma, Ana Cláudia Nascimento, que participa do levantamento florestal.
O levantamento arbóreo do Bosque servirá também para alavancar a produção cientifica dentro do Bosque. “É fundamental que tenhamos conhecimento da riqueza que temos dentro da cidade. O Bosque é um fragmento de floresta nativa, ou seja, não foi plantado, onde temos espécies que estão em extinção, como é o caso da maçaranduba. Então, esse trabalho serve também para coletarmos sementes dessas espécies e fazer o reflorestamento nos canteiros em que as árvores já morreram”, alerta Ana Cláudia.
A previsão é que o levantamento do censo florestal seja concluído no final deste mês. Para isso, a equipe da Semma está contando com o trabalho de sete estagiários de engenharia florestal da UFRA, além de engenheiros florestais e identificadores botânicos da Universidade e da empresa Eco Florestal.
A ideia de fazer um censo florestal no Bosque Rodrigues Alves surgiu após ser firmado um Termo de Cooperação Técnica entre a Semma e a UFRA, para desenvolver o projeto “Biodiversidade do Bosque Rodrigues”, que pretende divulgar ainda o herbário virtual do Bosque com a publicação do Livro “Flora do Bosque Rodrigues Alves”.
“Em 1998 o censo indicou o Diâmetro à Altura do Peito (DAP) maior que 10 centímetros, composta de 50 famílias e mais de 300 espécies. Mas estes dados precisam ser atualizados, pois a vegetação abaixo deste DAP nunca foi inventariada. Também precisamos saber o estado de conservação da vegetação”, explica a coordenadora do projeto pela UFRA, Gracialda Ferreira.
Para o estagiário André Silva, que participa do levantamento, o trabalho também servirá para seu futuro profissional. “É um experiência muito boa participar desse censo tão importante. Tenho certeza que essa experiência, que está fazendo um levantamento de uma floresta nativa, servirá para meu futuro profissional”.
O fichamento do censo florestal mede a circunferência do vegetal, estimativa de altura e a identificação da espécie, além do estado de conservação do vegetal.
Texto: Ana Paula Azevedo