Mulheres negras e indígenas contam com espaço para exposição de seus trabalhos e cultura

Mulheres negras e indígenas receberam da Prefeitura de Belém um espaço todo especial para fazerem a exposição e comercialização de seus trabalhos. O endereço fica no principal centro comercial da capital paraense, mais especificamente no Mercado Municipal de Carnes Francisco Bolonha, e contam com a Coordenadoria Antirracista (Coant) e Secretaria Municipal de Economia (Secon) para o seu desenvolvimento.

O objetivo é disponibilizar um espaço colaborativo para que empreendedores (as) possam expor seus trabalhos e produtos como artesanato, roupas, bijuterias, cosméticos regionais, além de utensílios que fazem parte da cultura negra e indígena.

A coordenadora da Coant, Elza Fátima Rodrigues, destacou a importância da iniciativa, que visa fortalecer a cultura e a economia.

“Para nós, é muito importante incentivar esse tipo de empreendimento, porque é um trabalho muito criativo e que tem como base o fortalecimento da identidade negra, afro-amazônica e indígena, além de contribuir para a questão orçamentária”.

O espaço recebe, de terça-feira a sábado, sete mulheres e homens também, que utilizam os boxes por meio de um sistema de revezamento. Cada um tem a oportunidade de expor seus trabalhos em um dia da semana.

Economia solidária – A iniciativa surgiu por meio da união de mulheres negras e empreendedoras, que criaram o Coletivo de Mulheres Negras e Artesãs, também chamada pelo nome “Ananse”, uma figura mitológica africana que construiu uma teia para chegar até o reino dos céus e contar as histórias do mundo.

Ananse carrega em seu significado criatividade, sabedoria e valorização dos trabalhos manuais, motivo que serviu de inspiração para o coletivo colaborativo.

A empreendedora e artesã, Tayana Meireles, 27 anos, conhecida como "Prethay", explica a finalidade dessa união que representa a autonomia financeira das mulheres negras.

"Somos um coletivo de mulheres negras, artesãs, empreendedoras e mães fazendo arte na Amazônia. Por isso, estamos unidas em um espaço, onde a gente possa expor nossos trabalhos e complementar a nossa renda, construindo, assim, uma rede de economia solidária e afetiva”, comentou Tayana.

Para a empreendedora Lorena Tucunaré, 29 anos, ter um espaço para expor o seu trabalho é uma forma de manter viva a memória dos povos africanos.

"A gente está muito feliz e muita grata por esse espaço, pois teremos mais visibilidade e esperarmos alcançar outros públicos por meio do nosso artesanato. Isso nos possibilita mostrar às pessoas que temos ancestralidade e que a memória indígena e negra aqui do Pará pode ser mantida pela nossa arte”.

O espaço também conta com artesanato marajoara como cerâmicas, desenhos, colares e outros produtos. A indígena Yyapoti Yporã, nome que significa água limpa, diz que o espaço é uma forma de mostrar a identidade do seu povo por meio do seu trabalho.

“Agradecemos todo esse empenho da Prefeitura de Belém e a da Coant, porque aqui é uma fonte de sustentabilidade para falar da nossa identidade, da nossa cultura, do nosso costume, que é a cara de Belém do Pará”.

A empreendedora Ellaine Cabral, 22 anos, afirma que um epaço para a exposição e comercialização dos trabalhos de mulheres negras é fundamental e até revolucionário. "Aqui a gente consegue alcançar outras pessoas. Por sermos mulheres e a maioria de nós da periferia, não alcançamos um público muito grande. Aqui no centro temos essa visibilidade", ressalta.

Além da exposição de produtos, a proposta é levar atrações culturais para o mercado Bolonha. “A gente está pretendendo organizar duas vezes no mês uma atividade cultural, que seja do movimento negro e indígena, como a capoeira, batuque, carimbó, justamente para atrair o público”, concluiu Elza Rodrigues.

Serviço:

A exposição nos boxes funciona de terça-feira a sábado, das 9h às 13h30.

Os empreendimentos são:

Thaiana Amorim (Prethay) e Ellaine Cabral – Deusas das Ervas (@deusas_das_ervas),

Lorena Tucunaré (@cazumbaarte)

Socorro Aranha Arte em Mandalas (@aranha.artemandalas),

Nega Neguinha (@nega_grife),

Amor e cor (@amor_ecor2021),

Ireny Nunes Artes (@ireny.nunes.artes)

Vanessa Mendonça e Lidia Mendonça – Fogoyó moda afro-amazônica

Edson Júnior poeta em atividade revolucionária livros e livretos poéticos

Pereira Albuquerque Pereira Colares.

Rodrigo Gomes do Nascimento da etnia Wai Wai e Lila Zumbata Flores da etnia Ticuna, eles são idealizadores da Kahxapu Arte Indígena, trabalham com sementes de morototo e miçangas.

Carla Marajoara
Vestuário Ypora Ete – flautas de cerâmica e pintura marajoara

Bira tembé
Mel, artesanato tembé feito de tucumá, najá, osso, sementes da natureza

Rodrigo Gomes do Nascimento da etnia Wai Wai e Lila Zumbata Flores da etnia Ticuna

Idealizadores da Kahxapu Arte Indígena, trabalham com sementes de morototo e miçangas.

Texto: Lana Oliveira

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