Prefeitura de Belém inicia a programação do “Agosto Indígena na Mairí dos Povos”

Aquele que domina o contexto rio, que tem grande intimidade com o rio. Este é um dos significados de Jurunas, que nomeia um dos mais populosos bairros da capital paraense e que foi o local escolhido para a primeira atividade do Agosto Indígena na Mairí dos Povos, ação realizada em alusão ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado neste 9 de agosto.

Uma roda de conversa sobre a História das Culturas Indígenas em Belém, realizada na manhã desta segunda-feira, 9, no complexo da Feira do Jurunas, foi realizada com o objetivo de despertar nos frequentadores do local o conhecimento sobre os povos indígenas e como eles resistem e lutam contra os atentados à política indigenista na Amazônia, assim como no meio urbano.

De acordo com o representante da Associação Multiétnica Wyka Wara, o Kwarahy Tenetehar Tembé, a vinda de alguns povos indígenas à capital é consequência da violação dos direitos dos povos originários. “Em todos esses momentos históricos os parentes sempre estão resistindo a esse processo de ataque", explica.

Ele complementa, que muitos indígenas vieram para a cidade há muito tempo porque perderam as terras, aldeias foram queimadas ou foram expulsos. Por isso, muitos vieram morar nas periferias das cidades. "Esse pessoal está querendo saber o seu passado. A gente sabe que tem povos indígenas que não se apagaram e esse pessoal está na periferia. E o bairro Jurunas representa um desses espaços”, explicou Kwarahy.

Debater políticas públicas na feira do Jurunas resgata a história da capital paraense, que traz nas ruas e bairros da cidade nomes indígenas. “A gente mora no município que tem muitos nomes indígenas. As pessoas não sabem o que significa. A gente sabe que a Belém da Mairí foi ocupada pelos Tupinambás, mas que outros povos habitaram”, explica a gestora adjunta da Coordenadoria Anti-Racista de Belém (Coant), Jomara Tembé.

Valorização e resistência dos povos indígenas

Como parte da programação, foram entregues aos feirantes 100 mudas de árvores frutíferas de cupuaçu, jambo, mangostão e rambutã. Durante a entrega das mudas as etnias presentes, como Tupinambá, Tembé e Xipaya, entoaram dois cantos como forma de declarar intimidade com a alimentação e respeito às memórias dos indígenas que já morreram.

Mariana Barbosa de Oliveira, passava pela feira do Jurunas e garantiu mudas de jambo e rambutã. "Gostei e vou zelar por elas, porque a gente tem que zelar pela natureza”, garantiu.

Texto: Joyce Assunção

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