A realização de atividades conjuntas de enfrentamento às violações de direitos humanos pelos programas policialescos veiculados pelas empresas de comunicação foi o tema abordado na reunião entre o poder público municipal, academia e organizações da sociedade civil, promovida pela Secretaria Extraordinária de Cidadania e Direitos Humanos (SECDH) nesta quinta-feira, 15,na Aldeia Cabana, em Belém.
Esse tipo de conteúdo traz impactos irreparáveis para muitas famílias na avaliação do secretário extraordinário de Direitos Humanos, Max Costa. “Nós da secretaria, já recebemos algumas denúncias de familiares de pessoas que tiveram suas imagens indevidamente expostas nesses programas, pessoas que não tinham nenhuma relação com algum crime e foram apresentadas como culpadas ou suspeitas desses crimes. Sem a devida apuração isso traz impacto na vida dessas pessoas, porque a partir da veiculação dessas notícias as imagens dessas pessoas começam a circular nos grupos de WhatsApp e elas acabam temendo pela própria vida”, disse.
Diante desses casos Max Costa destaca que a iniciativa não pretende cercear a liberdade de imprensa ou intervir na programação das emissoras. A intenção é fazer com que a lei de radiodifusão possa ser cumprida e que a dignidade humana possa ser respeitada. “Como secretaria de cidadania e direitos humanos estamos preocupados em respeitar a dignidade das pessoas, trabalhar no sentido da presunção da inocência e no sentindo de passar a mensagem de que é possível informar sem violentar as pessoas e sem violar os direitos humanos”, declarou.
A reunião contou com a presença da diretora do Núcleo de Imprensa e Documentos (NID) da Coordenadoria de Comunicação da Prefeitura de Belém, jornalista Cleide Magalhães, representando a titular da Comus, jornalista e professora Keyla Negrão; além de representantes da Faculdade de Comunicação (Facom), Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia (PPGCOM) da Universidade Federal do Pará (UFPA), Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará (Sinjor), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca/Emaús).
Para a coordenadora da Faculdade de Comunicação da UFPA, Ana Prado, é necessário promover ações educativas. “São caminhos importantes a serem trilhados a curto, médio e longo prazo com ações educativas no sentindo de promover a alfabetização midiática para que o indivíduo saiba lidar e questionar o que consome pela mídia, trabalhar com os colegas nas redações tentando conscientizar que o jornalismo é interesse público e ele deve estar nessa perspectiva, voltada para a promoção dos direitos humanos e não para as violações”, afirmou.
Após o debate, as instituições presentes decidiram indicar a constituição de um observatório de direitos humanos em Belém. A ideia é que esse observatório possa sistematizar dados midiáticos e fundamentar ações educativas, jurídicas e de advocacia no sentido de coibir o desrespeito à dignidade humana.
Texto: Lana Oliveira
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								