Mosqueiro festeja São Pedro em tradição popular de 103 anos

Hoje é Dia de São Pedro. Em Mosqueiro, os devotos do santo estão celebrando 103 anos de história da festividade diretamente ligada à atividade pesqueira da ilha. A programação abriu com queima de fogos às 6h, seguida de missa na igreja matriz e carreata com a imagem do santo pelas principais ruas de Mosqueiro. Em cada parada, homenagens e muita emoção.

Em anos anteriores à pandemia, a festividade reunia mais de três mil pessoas com novenário, procissão fluvial, derrubação de mastro e a grande romaria. “Nós adaptamos a programação em função da pandemia, mas estamos muito esperançosos de que em 2022 a programação voltará ao normal”, almeja Luciana Palheta, coordenadora da festividade.

A prefeitura de Belém sancionou a Lei Ordinária 9093, de 23 de abril de 2015, reconhecendo a Festividade de São Pedro do Areião como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Município de Belém. A história começou em 1918 pelas mãos de dona Isabel Palheta, depois seguiu com Diva Palheta e agora está sob a coordenação de Luciana Palheta, neta da idealizadora da festividade. “A minha avó sentiu a necessidade de festejar São Pedro, que é padroeiro dos pescadores, como forma de celebrar a fartura do pescado que Mosqueiro produz até hoje”, recorda Luciana que, ao lado do marido Marlon Sousa e uma coordenação formada por devotos anônimos, estão dando continuidade à tradição.

Homenagens – A família de dona Raimunda da Costa Cardoso, mais conhecida como “Escolástica”, presta homenagem ao santo há mais de sessenta anos. Emocionada, ela conta que Dia de São Pedro é para agradecer as graças alcançadas e de manter viva a memória de seus entes queridos falecidos, que também viveram histórias de amor e devoção ao santo. Dona Escolástica reuniu a família e arrumou uma bela mesa de café da manhã para receber a comitiva de São Pedro.

Na residência de Mariazinha Santana, 81 anos, a imagem de São Pedro também foi recebida com muita fé e emoção. “Eu fico muito emocionada em receber o santo em minha casa e poder rezar com meus amigos e parentes”, disse a idosa. Já dona Maria José da Silva, 72 anos, poder vivenciar a festividade novamente é muito revigorante. “Muito feliz, graças a Deus”, disse.

Para Marineide Cardoso, que assumiu o lugar do pai – Manoel Tenório Cardoso- na queima dos fogos em homenagem a São Pedro, a festa é emocionante. “Eu fico muito feliz e, esse momento é de agradecimento pela nossa saúde e nossa família”, disse a jovem. A família Cardoso é uma das mais tradicionais de Mosqueiro. “Eu tenho uma quadrilha junina e o Boi Amigo, que neste mês de junho faz a alegria no bairro de Maracajá, mas a pandemia parou tudo e nós estamos com fé em São Pedro de que ano que vem nós vamos conseguir voltar com nossas atividades culturais”, disse dona Escolástica, uma das mais animadas.

Mastros – O mastro de São Pedro é um dos elementos mais populares da festividade do santo em Mosqueiro. Segundo Marlon Sousa, tanto o levantamento quanto a derrubada do mastro atraem milhares de pessoas. Nos dois últimos anos, devido à pandemia, a coordenação decidiu não promover a programação da forma tradicional, mas muitas pessoas fizeram pequenos mastros e saíram às ruas para homenagear o santo. “As crianças estão sendo incentivadas a participar da festa com o mastro mirim de São Pedro”, destaca.

A festividade de São Pedro começou com as novenas nas casas dos devotos, onde foram relatadas as bênçãos e graças atribuídas ao santo. Além das famílias, a imagem visitou o mercado municipal e ganhou parabéns na chegada de volta à residência da família Palheta, na comunidade do Areião, bairro da Vila.

Texto: Selma Amaral

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