Debate reafirma função democrática dos ciclos de ensino nas políticas de educação

A Secretaria Municipal de Educação (Semec) promoveu nesta quarta-feira, 26, a V Formação Permanente da rede municipal de ensino, com o tema “Os ciclos de formação ainda são uma alternativa de política educacional que contribui para a democratização e com a qualidade de ensino”. A formação foi conduzida pela professora Drª Lisete Regina Gomes Aralaro, da Universidade de São Paulo (USP). O debate foi transmitido pelo canal do Centro de Formação de Educadores “Paulo Freire”, no YouTube.

“Estamos na quinta formação permanente e o círculo de cultura contribui com qualidade de ensino. O ciclo não é apenas uma sigla. É preciso compreender sua proposta pedagógica”, reafirmou a secretária municipal de Educação,Márcia Bittencourt, ao relembrar o modelo educacional capitalista dividido em séries. Ela também anunciou que no próximo dia 29 começa a vacinação contra a covid-19 de profissionais da educação infantil da rede municipal de ensino. “Convidamos vocês para se vacinar, porque Belém vacinada é uma cidade educada”.

Debate – A professora Drª Lisete Regina Gomes Aralaro, da Universidade de São Paulo (USP) iniciou sua apresentação citando Paulo Freire, patrono da educação brasileira que dizia “ser uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica”.

Para que os participantes compreendessem a proposta do ensino em ciclos, a professora recordou que a Constituição Federal define Educação como direito e destacou que “argumentos como ‘os alunos não querem aprender’ , entre outros que muitas vezes são usados para justificar a pouca aprendizagem dos alunos e legitimar a reprovação, precisam ser ressignificados na perspectiva da educação como direito”. Para ela, quando a escola só consegue ensinar parte dos alunos, continua operando no paradigma da educação como privilégio. "A educação só se concretiza como direito numa escola que todos possam aprender e formar-se como cidadãos”, disse.

Ciclos – O ensino organizado em ciclos tem como pressuposto que determinados processos educativos devem ser organizados dentro de um período que atenda as demandas de desenvolvimento e aprendizagem das crianças e adolescentes em suas diversas dimensões. “Portanto, não diz respeito à organização dos conteúdos de várias séries num período maior de ensino. Os ciclos requerem uma reorganização dos tempos e espaços escolares, do currículo, da avaliação, da relação professor, aluno, comunidade com o objetivo de permitir maior centralidade na aprendizagem que no ensino”, explica Lisete.

Para alcançar uma educação em ciclos, a professora ressalta que a escola precisa adequar-se às necessidade dos alunos. “A organização e os procedimentos pedagógicos devem estar a serviço das demandas trazidas pela diversidade que caracteriza a escola pública. Não se trata de diferenciar na qualidade ou quantidade de conhecimento, mas nos procedimentos para que esse conhecimento possa ser apropriado por todos”, conclui.

Rede – Atualmente a rede municipal de ensino de Belém trabalha o ensino-aprendizagem em ciclos durante o ensino fundamental. Os ciclos iniciais são o ciclo I que corresponde ao 1º ao 3º ano e o ciclo II que corresponde ao 4º e 5º ano. Os ciclos finais são o ciclo III que corresponde ao 6º e 7º ano e o ciclo IV que corresponde ao 8º e 9º ano.

Foram apresentados durante a formação os professores Paulo Augusto, coordenador do Ensino Fundamental da Semec, juntamente com a professora Eliane Sabino, responsável pelos ciclos iniciais e o professor Benedito Machado, responsável pelos ciclos finais.

A formação contou com a mediação da professora Marta Ferreira, a participação cultural do professor Alex Lima e com a tradução em Língua Brasileira de Sinais (Libras) pelos intérpretes Tatiana Mota e Bruno Pantoja. O debate continua disponível no canal do CFE “Paulo Freire”, no YouTube.

Texto: Tábita Oliveira

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