Geólogos da Companhia de Pesquisas de Recuros Minerais (CPRM), que tem as atribuições de Serviço Geológico do Brasil, e equipe técnica da Comissão de Defesa Civil de Belém iniciaram nesta sexta-feira, 30, o levantamento das áreas de risco geológicos nas ilhas do município. O trabalho atende a um pedido da Defesa Civil de Belém.
A primeira ilha a ter o mapa de riscos geológicos atualizados foi Cotijuba, distante 21 km da capital paraense. Representantes da Administração Regional de Outeiro (AROut), responsável administrativamente pela ilha, acompanharam o trabalho das equipes do CPRM e da Defesa Civil, que analisaram os efeitos da erosão nas praias do Vai Quem Quer, Pedra Branca e Passo Fundo. Os pontos críticos foram apontados pelo engenheiro civil da ARout, Robson Dias. Também foram analisadas áreas urbanas suscetíveis a enchentes.
"A parte costeira da ilha de Cotijuba vem passando por um processo de erosão que, em alguns trechos, começa a alcançar e comprometer as vias por onde o bondinho acessa as outras regiões da ilha, prejudicando alguns moradores. Este levantamento do CPRM e da Defesa Civil servirá como base para o projeto de contenção de avanço do rio e outras medidas, que devam ser tomadas, de acordo com o mapeamento de riscos" declarou Robson Dias.
Mapas – "Os mapas do Serviço Geológico do Brasil são usados para identificar, não apenas as áreas de riscos, mas áreas em que há a habitação de pessoas. A partir daí é possível planejar e captar recursos para obras de contenção e remobilização", explica o gerente de Hidrologia e Gestão Territorial, Homero Melo Junior.
Moradora da ilha há cinco anos, Márcia Oliveira, proprietária de uma lanchonete na estrada do Poção, uma das áreas afetadas pela erosão na Praia Pedra Branca, recebeu as informações sobre o trabalho do CPRM e da Defesa Civil, com brilho nos olhos.
"Nós, moradores e trabalhadores daqui estávamos muito preocupados com o avanço da erosão e aparente descaso do poder público. Por isso, ficamos felizes ao saber que a prefeitura está olhando por nós e que este trabalho ajudará a trazer melhorias para Cotijuba", declarou a moradora. Segundo o chefe da divisão das Ilhas da AROut, Luiz Nunes, cerca de oito mil pessoas residem em Cotijuba.
O último levantamento foi feito em 2016. Além de atualizar o mapa das áreas de risco, o trabalho em parceria com os geológos vinculados o Ministério de Minas e Energia tem caráter preventivo, uma vez que o levantamento servirá como base para as ações desenvolvidas, em conjunto com outros órgãos governamentais, para redução dos impactos causados pela ação da natureza e do homem.
Parceria – O diálogo entre a Comissão Municipal de Defesa Civil de Belém e o Serviço Geológico do Brasil foi iniciado em janeiro deste ano, quando a atual gestora solicitou ao superintendente regional de Belém, Jânio Nascimento, o suporte técnico-científico do CPRM com o objetivo de atualizar o mapeamento da setorização de risco geológico alto a muito alto no município de Belém, com base nos produtos desenvolvidos nos anos de 2012 e 2016.
"A solicitação foi feita em caráter emergencial, considerando o período de maior incidência de chuvas, entre os meses de janeiro e junho, que coincide com os períodos de marés altas mais elevadas (marés de sizígia). A duplicidade desses eventos naturais provocou diversas ocorrências de enchente e alagamentos no município, ao longo da última década, causando inúmeros prejuízos materiais, patrimoniais e de vidas", ressalta a presidente da Defesa Civil de Belém, Christiane Ferreira.
"O pedido foi aprovado não somente na Superintendência Regional de Belém, como no Departamento de Gestão Territorial (DEGET), no escritório do Rio de Janeiro, que é o departamento responsável pelos estudos de setorização de risco geológico. Ou seja, está tudo certo para darmos continuidade aos trabalhos. Só não foi realizado anteriormente, devido à pandemia de Covid-19", explicou o gerente de Hidrologia e Gestão Territorial do CPRM, Homero Melo Junior.
Em fevereiro deste ano, Defesa Civil e CPRM iniciaram o trabalho em parceria. Naquele mês, a Defesa Civil realizou vistorias preventivas nos distritos de Mosqueiro e Outeiro.
Texto: Aycha Nunes
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								