Para desconstruir os estereótipos enraizados historicamente em torno da cultura indígena e celebrar o Dia dos Povos Indígenas, que transcorre nesta segunda-feira,19, a Secretaria Municipal de Educação (Semec) promoveu um diálogo entre educadores municipais e a professora de geografia, Márcia Kambeba, primeira indígena a ocupar um cargo municipal, titular da Ouvidoria Geral da Prefeitura de Belém (OGM). Ela é natural de Belém do Solimões, no Amazonas, e se divide em multifacetas como escritora, locutora, cantora, ativista e artista plástica.
Com o compromisso com as políticas públicas, Márcia Bittencourt, secretária de Educação, iniciou o evento com a leitura de um trecho do livro “Saberes da Floresta”, de Kambeba, que traz um contexto da diversidade dos povos indígenas originários.
“Temos duas alegrias, a primeira em receber a Márcia Kambeba e em segundo de ter o professor Wender Tembé, responsável pela coordenadoria indígena, que está na sua primeira aula inaugural no mestrado. É uma alegria ver que os nossos povos estão tomando conta das universidades. Agora, a gente inicia um novo tempo em que a fala, a voz, a literatura precisa remover a ideia do Dia do Índio e reescrever as ideias originárias e colocar no coração de cada criança, jovem, adulto e idoso, que existe uma escrita, uma língua, uma cultura, um pensamento que é nosso”, afirma entusiasmada a secretária de Educação.
Diálogo – A partir da temática “Literatura Indígena e a prática em sala de aula”, Márcia Kambeba registrou, incialmente, que a data comemorativa é símbolo de luta e resistência, usada pelos indígenas com o propósito de dar visibilidade à causa indígena e desmistificar estereótipos e preconceitos.
“Precisamos mudar a visão que as pessoas têm a respeito do Dia Dos Povos Indígenas. O termo "índio", que remete os indígenas ao estereótipo de selvagens e atrasados, esconde toda a diversidade dos povos indígenas", explica a autora também dos livros “O lugar do Saber” e “Ay Kakyti Tama – Eu moro na cidade”, que buscam desconstruir esses conceitos.
A titular da Semec provocou algumas reflexões sobre como iniciar um processo de educação bilíngue na rede. E de forma prática, Márcia Kambeba sugeriu que a Semec faça uma formação para os professores se apropriarem da cultura indígena e por meio da literatura possam compartilhar os saberes com os estudantes. Ela ressaltou, que é possível atiçar a curiosidade das crianças com pequenas saudações em Tupi, que pode fortalecer o sentimento de pertencimento, uma vez que Belém foi uma cidade indígena conhecida como Mairi pelos tupinambás que a habitavam, isso contribuirá para uma educação bilíngue.
Márcia Bittencourt ressaltou mais uma vez aos educadores, que o ensino da História indígena ganhou novas forças após a aprovação da Lei 11.645/08, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura indígena e afro-brasileira em sala de aula.
A secretária destacou que a nova gestão criou a Coordenadoria de Educação Escolar para os Indígenas, Imigrantes e Refugiados (CEIIR) e Coordenadoria de Educação para Relações Étnico-Raciais (CEDERER) para valorizar a cultura indígena e afro-brasileira nas escolas.
Atualmente, a rede municipal de ensino atende 196 estudantes indígenas da etnia Warao. O professor kokoixumti Tembé Jathiati Parkateje, conhecido como Wender Tembé, liderança do Alto Rio Guamá é o responsável pela CEIIR. Ele é especialista em Educação Escolar Indígena.
Ao final do evento, muitas escolas da rede municipal de ensino compartilharam que já realizam ações que envolvem a literatura indígena e que possuem um acervo considerável.
Texto: Tábita Oliveira
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								