Olhares atentos e ansiosos. Quando a equipe multidisciplinar do Consultório na Rua chega é um alvoroço para aqueles que precisam de cuidado. Seu Raimundo Lima vive na rua há três anos, na praça ao lado do Tribunal de Justiça.
Ele conta que saiu de Imperatriz, no estado do Maranhão, em busca de emprego, mas não conseguiu e acabou ficando na rua, aonde contraiu uma tuberculose que o deixou em estado grave.
A equipe do Consultório na Rua conseguiu convencê-lo a receber o tratamento adequado. “Eles são meus anjos, me deram remédios e me levaram para ser internado, eles salvaram minha vida”, contou.
Dezenas de histórias como a de Raimundo motivam médicos, enfermeiros, psicólogos e técnicos de enfermagem que atendem diariamente 125 pessoas em situação de rua, em Belém.
Ao todo são 18 profissionais que formam as quatro equipes que atendem os bairros de São Brás, Icoaraci, Ver-o-peso e no abrigo dos indígenas Warao.
Eles seguem uma rotina diária, indo em pontos onde pessoas que vivem nas ruas costumam ficar na cidade. A equipe estima que vivem cerca de mil pessoas em extrema vulnerabilidade social nas ruas de Belém.
Os profissionais fazem avaliação para ver se a pessoa tá machucada, com alguma dor e em há casos em que é preciso fazer medicação na rua mesmo. Se precisarem de um atendimento mais especializado, as pessoas são encaminhadas para as unidades públicas de saúde.
Marcos Trindade é enfermeiro e integra a equipe multidisciplinar do Consultório de Rua da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) há dois anos.
Para ele é um presente ajudar esse grupo que é tão marginalizado pela sociedade. “Eles precisam de carinho, atenção e cuidados médicos. Às vezes a gente chega e tem algum com corte ou espancado porque brigou com algum rival. Poder dar assistência para quem não tem é especial para gente”, ressalta.
Os pacientes do consultório na rua são testados para doenças sexualmente transmissíveis e caso dê positivo eles recebem todo o tratamento. Desde a medicação, até os exames.
A R.S tem HIV, mora há dez anos na rua e o pessoal do consultório dá todo o apoio para ela. “A gente vê eles como se fossem da nossa família. Eles se preocupam e cuidam da gente. Tenho muita sorte em ser tratada por eles,” afirma.
Já o protocolo da Covid-19 é um pouco diferente. Se alguma dessas pessoas que vivem em situação de rua apresentar sintomas gripais é aplicado o teste e se der positivo é levada para ficar em isolamento na Escola Lauro Sodré, onde atualmente funciona como abrigo. Lá estão abrigadas 307 pessoas.
O trabalho da equipe do Consultório na Rua é realizado de segunda a sexta-feira.
Texto: Carolina Boução
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								