Grupo de Trabalho vai definir a programação do Centenário de Paulo Freire

A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semec) realizou na tarde desta segunda-feira, 22, a primeira reunião on-line do Grupo de Trabalho (GT) responsável por definir as ações alusivas ao ano do centenário de Paulo Freire, que será celebrado no dia 19 de setembro. O objetivo é tornar Belém, cidade alfabetizada e educadora, a partir do que foi estabelecido pela Portaria Conjunta nº001/2021, publicada em 1º de fevereiro.

Na abertura a secretária de Educação, Márcia Bittencourt, afirmou que o centenário de Paulo Freire será uma grande marcha pela superação do analfabetismo. “Essa é uma das frentes de trabalho da Semec que mais me animam, porque vai além da escola. Referenciar Paulo Freire é olhar para quem está à margem da sociedade”. A secretária também informou que está fazendo um levantamento junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE) para mapear as pessoas que ainda não foram alfabetizadas no município e assim trabalhar de forma mais assertiva para superar o analfabetismo na capital paraense.

Em seguida a professora Taíssa Barbosa, representante da administração municipal e coordenadora da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai), da Semec, apresentou a história de Paulo Freire e destacou a legislação e as finalidades que vão nortear as ações do GT no centenário.

Biografia – Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, em Pernambuco. Formou-se em Língua Portuguesa e após casar com a professora Elza Oliveira, se dedicou à alfabetização de adultos. Na época a expectativa era alfabetizar 5 milhões de pessoas em todo o Brasil. Mas a pedagogia freireana começou a incomodar pela possibilidade de aumentar o eleitorado brasileiro e, em 1964, Paulo Freire foi preso. Depois se exilou na Bolívia, Chile, Estados Unidos, Genebra e África.

Em 1989, após retornar ao Brasil, Paulo Freire foi secretário de Educação do município de São Paulo. Criou o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova) e escreveu vários livros, entre eles a Pedagogia do Oprimido, primeira obra e uma das mais lidas da coleção. O educador morreu em 1997 aos 75 anos. Em 2012, Paulo Freire foi reconhecido como patrono da educação brasileira, pelo trabalho desenvolvido como educador ao longo da vida. Toda a educação proposta por Paulo Freire passa pelo diálogo onde professor e alunos são iguais.

Contribuições – O representante das universidades na reunião, João Colares, professor da Universidade do Estado do Pará (Uepa), destacou a luta pela educação popular exemplificando ações desenvolvidas pela universidade e destacando que neste primeiro momento é preciso realizar um diagnóstico do analfabetismo no município para construir o Plano Municipal de Alfabetização e de Formação de Professores Alfabetizadores. Ele frisou a importância de se criar um plano político-pedagógico conectado com um plano administrativo, financeiro e logístico. “Fomos chamados para somar forças e construir esse projeto freireano de educação popular para superar o analfabetismo em Belém”.

A representante das organizações da sociedade civil, Jane Cabral, educadora popular do Movimento dos Sem Terra (MST) destacou a relevância da presença dos movimentos sociais dentro do GT e afirmou que a educação deve ser um ato político e de amorosidade. “Precisamos neste processo dialógico refletir por que somos excluídos e por que existem até hoje pessoas que não sabem ler e escrever. Qual a necessidade? Qual a função? A quem isso serve? questiona Jane Cabral. "Ter muito eleitores é muito bonito. Mas ter eleitores que saibam em quem estão votando é o nosso objetivo. A educação deve ser libertadora e popular.É por meio da alfabetização que a gente vai organizando o povo para reivindicar seus direitos”, concluiu a educadora.

Ao final da reunião ficou estabelecido uma comissão de diagnóstico formada por representantes da Semec, Uepa e Funpapa. Também foi acertada uma agenda quinzenal de encontros para dar continuade às ações. Como em todos os encontros da educação, houve uma apresentação cultural, desta vez, com o musical do professor Fernando Santos e a declamação do poema “Paulo Freire Vive”, de autoria da professora Rita Melém e a participação da professora Cris Rodrigues, educadores da rede municipal.

Participaram do encontro 36 pessoas. O GT é composto por representantes da Semec, Fundação Escola Bosque (Funbosque), Conselho Municipal de Educação de Belém (CME), Secretaria Extraordinária deCidadania e Direitos Humanos (SECDH), Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Fundação Papa João XXIII (Funpapa), Fundação Municipal de Assistência ao Estudante (Fmae), Universidade do Estado do Pará (Uepa), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Instituto Federal do Pará (IFPA), Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Belém (Sintepp/Belém), MST, Rede Emancipa – Movimento Social de Educação Popular, Instituto Universidade Popular (Unipop), Movimento República de Emaús, Secretaria de Administração Penintenciária (Seap), Núcleo de Educação Popular Raimundo Reis (NEP), Secretaria Municipal de Coordenação Geral do Planejamento e Gestão (Segep); Secretaria Municipal de Administração (Semad) e as Faculdades Particulares de Belém – Faculdade Integrada Brasil Amazônia (Fibra).

Texto: Tábita Oliveira

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