Aquino Dias, 53 anos, costuma correr todos os dias em volta do Bosque Rodrigues Alves. Mas a última vez em que entrou, que é considerado o Jardim Botânico da Amazônia, foi há 15 anos. “Trouxe meu filho, ainda criança aqui. O Bosque é um lugar fantástico, que chama atenção dos turistas. Mas precisa de mais atenção”, afirma.
Porteiro do Bosque há 27 anos, Carlos Alberto da Silva, sente saudade de quando o ponto turístico de Belém recebia a visita de jogadores de Remo, Paysandu e Tuna Luso para treinos físicos de suas equipes. “Como torcedor do Remo, eu gostava quando eles vinham aqui e eu tinha a chance de conversar com eles”, relata seu Carlos.
Para alegria tanto do corredor, quanto do seu antigo funcionário, o Bosque Rodrigues Alves planeja a retomada de fôlego em sua nova gestão. Um dos espaços de preservação ambiental administrados pela Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), o local irá completar 138 anos de existência neste 2021.
“Queremos fazer do Bosque um ponto de referência no ecoturismo. Precisamos fazer a reconstrução de alguns prédios pra receber a população. Para fazer essa readequação e contratação de uma nova empresa, estamos esperando apenas uma definição do setor jurídico da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). A intenção é reformar prioritariamente, até o mês de julho, a nossa brinquedoteca e o aquário, que são os pontos de visitação mais procurados pela população”, informa o diretor do Bosque Rodrigues Alves, Alexandre Mesquita. E para alegria de seu Carlos e dos freqüentadores que curtem esporte, a volta dos treinos das equipes de futebol de Belém também está nos planos da nova direção.
Aberto a visitações de quarta a domingo, no horário de 9 às 13 horas, o Bosque recebe em média 300 pessoas por dia. Em datas comemorativas, como aniversário de Belém, do Bosque, Dia da Árvore e outras, o local oferece passeios internos com educação ambiental. Mas a importância de um dos cartões postais mais tradicionais de Belém vai além.
“As pessoas costumam dizer que o Bosque é uma floresta dentro da cidade. Mas isso é um olhar micro. Quem sobrevoa Belém, percebe que isso aqui é uma cidade dentro da floresta. Aqui contamos a história natural de Belém. Antes de qualquer ser humano pisar aqui, tudo isso existia. Como o habitante da cidade está acostumado a viver entre prédios, aqui é um oásis de natureza, que só traz impactos positivos”, destaca o biólogo do Bosque, Távison Rômulo.
História, encanto e exuberância
Com obras como o monumento aos Intendentes Municipais, a estátua aos lendários guardiões da floresta Mapinguari e Curupira, o quiosque chinês, o chalé de ferro, a Gruta de Pedra-Sabão e o portão monumental da entrada principal, o Bosque Rodrigues Alves foi concluído durante o governo Antônio Lemos e virou um dos símbolos de requinte da então capital da borracha.
O local atrai o encanto de visitantes desde a entrada, com simpáticos anfitriões. Os macaquinhos que habitam o Bosque costumam circular saltitantes entre as grades externas, proporcionando gargalhadas dos transeuntes.. São 523 animais, entre répteis, aves, mamíferos e peixes, e 8 mil espécimes arbóreas compondo um exuberante cenário. Com uma área de 15 hectares, o Bosque teve a inspiração do “Bois de Bologne”, uma área verde localizada em Paris/França.
A infância de muitos moradores da capital paraense foi marcada por visitas ao Bosque Rodrigues Alves. A nostalgia é sentida pelos próprios funcionários do local, como seu Carlos. Mas o futuro tem, a partir de agora, a chance de começar a resgatar o encanto e tradição do local, através da atual gestão municipal.
Texto: Syanne Neno
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								