A capital paraense conseguiu reduzir em 90% os casos de sífilis congênita nos dois últimos anos. O dado foi apresentado nesta quarta-feira, 21, pela equipe da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), no gabinete da Prefeitura de Belém, no Palácio Antônio Lemos, bairro da Cidade Velha, durante o lançamento da campanha “Sífilis Não”.
De acordo com os dados divulgados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, o número de crianças cadastradas no sistema de saúde que herdaram a doença da mãe, em Belém, era de 177 no ano de 2016 e 100 em 2017. Em 2018, os dados mostram, até o mês de novembro, que o número caiu para 12 crianças. O comparativo é reflexo de um trabalho minucioso para a erradicação dos casos na capital.
Sífilis congênita é a sífilis que é transmitida da mãe para o bebê durante a gravidez. A transmissão da gestante para o feto pode ocorrer pela passagem da bactéria através da placenta ou ainda no momento do parto. Mulheres que engravidam com sífilis ou adquirem a doença depois de estarem grávidas e não fazem o tratamento adequado, podem transmitir sífilis para o bebê.
O Prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, destacou que a gestão tem feito uma série de esforços para reduzir estes números negativos, e quando conquistados, eles precisam ganhar visibilidade. “Indicadores como estes, que são frutos de um trabalho coletivo, é extremamente importante para uma cidade. Isso deveria ter uma grande publicidade para demonstrar que é possível sim, avançarmos na qualidade de vida, e isso já vem acontecendo aqui”, comentou. “Imaginar que em 2016, apenas em Belém, tivemos 177 casos de sífilis congênita, destes, houve aborto e cerca de 40% das crianças nascidas vivas, morreram, é um número bastante expressivo, mas que mostra uma realidade totalmente diferente em 2018”, completou o gestor municipal.
Zenaldo Coutinho seguiu afirmando que a redução deste número é fruto das ações, palestras, campanhas educativas, da testagem rápida e da rede de profissionais do município. “Isto é um conjunto de pessoas envolvidas. São ações como essa que devem ser compartilhadas para estimular mais ações integradas nessa cidade, e o reconhecimento de pessoas que no seu dia-a-dia estão salvando vidas”, destacou. “Mas ainda temos 12 casos que precisam de um esforço ainda maior, por isso estamos aqui dizendo que precisamos nos juntar mais ainda e fortalecer essa rede, para que ano que venha não tenhamos mais este número. Isso é campanha de salvar vidas e merece o empenho de cada um de nós”, finalizou.
A campanha “Sífilis Não” está inserida no projeto do Ministério da Saúde “Resposta Rápida à Sífilis nas Redes de Atenção”, que visa pactuar as ações e definir diretrizes e prioridades para a implementação de um plano de trabalho local nas regiões Centro-Oeste, Norte e Sul. Ao todo, 13 estados compõem o grupo, onde Belém é uma das capitais inseridas.
A iniciativa é uma parceria entre o Ministério da Saúde e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), e foi ajustado em 2017, na Comissão Intergestores Tripartite (CIT). O objetivo principal é o de reduzir a sífilis adquirida e eliminar a sífilis congênita no Brasil. O projeto inclui, ainda, a ampliação e qualificação do diagnóstico e o aumento da testagem, principalmente em mulheres gestantes.
Para o titular da Sesma, Sérgio Amorim, é gratificante saber que Belém está inserida neste projeto. “Isso demonstra um trabalho realizado em todas as nossas unidades, onde conseguimos descentralizar os serviços de testagem de sífilis, reforçando o trabalho do Casa Dia nestas unidades para que a gente pudesse estar notificando os casos para o Ministério da Saúde. Com isso, conseguimos ser incluídos no projeto para que no futuro não muito distante, Belém possa estar acabando com a sífilis congênita”, reforçou o secretário que parabenizou o comprometimento da equipe que conquistou a queda no número de crianças infectadas com a doença.
De acordo com Harry Sardinha, da Referência Técnica de Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/Aids e Hepatites Virais da Sesma, o processo de erradicação da doença está apenas começando, mas caminha em busca de uma resposta ampla para impactar a sífilis no país. “Será uma ação conjunta do Ministério da Saúde, Estados e municípios para intensificar ações de prevenção, diagnóstico e tratamento”, declarou, destacando ainda que os registros de mulheres gestantes em Belém também caiu, passando de 327 casos em 2016, para 78 casos em 2018.
A Secretaria de Saúde irá trazer novidades no trabalho o órgão para a campanha, como novos discos de manejo clínico, que servirão de guia para o tratamento; adesivos de mesa que devem vir com orientações sobre o diagnóstico da sífilis, reforçando a prevenção e tratamento, e, contribuindo para a quebra da cadeia de transmissão.
A enfermeira Ana Cristina Braga, representante do Ministério da Saúde na ocasião, ressaltou o trabalho que o município vem fazendo para combater a doença. “Para a gente conseguir o sucesso de um projeto como este, temos que unir forças, e contar com o apoio de todos, especialmente da Prefeitura Municipal de Belém. A ação é muito positiva, uma vez que Belém já realiza a notificação dos casos e nos permite um controle ainda maior”.
Na capital paraense as ações da campanha “Sífilis Não” contam com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa).
Combate – Para combater o avanço da sífilis no município de Belém, a Sesma promove desde 2015 a descentralização da testagem, a fim de que sejam identificadas as pessoas com a doença.
Atualmente existem mais de 80 unidades de saúde que oferecem o teste rápido. Em paralelo, os profissionais da rede municipal foram capacitados para diagnosticar e fazer o tratamento adequado dos pacientes.
Texto: Karla Pereira