A assistente administrativa da Estratégia Saúde da Família (ESF), do Parque Guajará, Luzicleia Barros, realizava durante todos os anos o exame de mamografia. A única falta foi em 2016 e, ao retomar a rotina de exames no ano seguinte, descobriu uma mancha no seio esquerdo. “Comecei a sentir um desconforto no braço, uma sensação de dormência e de cansaço. Através da mamografia detectaram uma mancha e repetiram o exame. A biópsia, então, confirmou o câncer de mama grau II”.
Após o resultado, Luzicleia iniciou o tratamento com quimioterapia, passou por todos os efeitos colaterais do tratamento e realizou a remoção da mama. “As unhas ficaram roxas, os cabelos enfraqueceram e caíram todos” lembra. Agora, o próximo passo é a reconstrução mamária. “Dentro de duas semanas começo esta etapa, porém, como a pele está morta será necessário um tratamento com expansor para que ela estique e a prótese possa ser colocada”, conta. A mama direita também será restaurada para que os seios fiquem simétricos. A última etapa de reparação será a do mamilo.
Desta luta diária contra o câncer, Luzicleia só extrai coisas boas. “Sempre tive o apoio da minha família, de amigos e dos meus vizinhos. Dessa experiência, eu olho sempre o lado bom. Participo de grupos de apoio e trabalho voluntário, tenho passe livre para cinemas e transporte, converso, escuto e ajudo mulheres mastectomizadas na Universidade Federal. Eu foco na cura, em bons pensamentos e tenho sempre um sorriso no rosto”.
Foi esse sorriso que chamou a atenção de uma amiga de Luzicleia, e que a convidou, recentemente, para um ensaio fotográfico no Museu Emílio Goeldi. “Colocamos apenas um tecido para cobrir a mama direita e a parte mastectomizada ficou à mostra. O ensaio ficou lindo, as pessoas paravam para ver, conversar e saber um pouco da minha história”, lembra a assistente administrativa, que tornou-se um grande exemplo.
O câncer de mama tem como possíveis causas uma série de fatores de risco que vão desde histórico familiar, predisposição genética hereditária, obesidade, tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, alimentação inadequada, radioterapia prévia na região do tórax, entre outros.
Por isso, conhecer a própria mama, através do autoexame, e realizar os exames preventivos são algumas das medidas fundamentais para prevenir o desenvolvimento da doença. A mamografia é recomendada a partir dos 40 anos e o autoexame pode ser feito todo mês, sendo que, sete dias após a menstruação. “As mulheres que estão na menopausa podem fazer o autoexame uma vez ao mês”, orienta a mastologista da Casa da Mulher, Dra. Danielle Martins.
Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para este ano são esperados 59.700 novos casos de câncer de mama no Brasil, 740 novos casos no Pará e 360 em Belém.
O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres. No mundo, corresponde por, aproximadamente, 25% dos casos novos a cada ano.
CONSCIENTIZAÇÃO
Por mais um ano, a Prefeitura Municipal de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), aderiu à campanha nacional “Outubro Rosa”, que visa estimular a participação da população feminina no controle do câncer de mama, promovendo o compartilhamento de informações sobre o câncer de mama, maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e, ainda, contribuindo para a redução da mortalidade.
Na Casa da Mulher, centro de referência em mastologia e patologia cervical para o município de Belém, são atendidas mulheres de todas as faixas etárias dos diversos distritos da capital, encaminhadas pelos serviços de saúde. “Acompanhamos as pacientes, que muitas vezes chegam aflitas, e realizamos os exames de imagem e diagnóstico. Dependendo do caso, elas são direcionadas para tratamento referenciado ou encaminhadas para o Hospital Ophir Loyola”, explica Dra. Danielle.
“O diagnóstico precoce é muito importante. Quanto antes descobrir qualquer anomalia é muito mais fácil tratar. O câncer tem cura, não podemos desistir, pois, enquanto há vida, há esperança”, acredita Luzicleia.
Texto: Suênia Cardoso
