Uso frequente de fones de ouvido, volume alto do som, televisão, ruídos no trânsito, boates e determinados ambientes de trabalho são algumas formas de exposição a condições de risco que podem causar lesões irreparáveis ao aparelho auditivo, inclusive a surdez. É o caso de profissionais como o Carlos Alexandre de Oliveira, há oito anos trabalhador da construção civil, onde o ruído ocupacional fica entre 83 a 102 decibéis. De acordo com especialistas, os ouvidos toleram sem desconforto até 80 decibéis, mas a partir de 65 o organismo já está propenso a um estresse gradativo.
Para se proteger, Carlos afirma que é cauteloso. “Faço questão de usar todos os equipamentos de segurança, incluindo os que protegem minha audição. Não faço isso apenas porque é exigido, mas sim, porque penso primeiro na minha saúde”, explica o operário que enfrenta uma rotina de ruídos de alta intensidade, situação que pode gerar a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), caracterizada pela diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada a níveis elevados de ruído por longos períodos.
“Os sintomas da PAIR podem aparecer depois de 3 meses do início da exposição, e podem chegar ao ápice do comprometimento da audição após 10 anos exposição. Os trabalhadores que desenvolvem atividades em ambientes ruidosos devem ficar atentos a alguns sintomas, tais como: dificuldades para ouvir e distinguir sons diversos, comprometimento de compreensão da fala, pressão nos ouvidos, fala abafada, zumbido nos ouvidos. Esses sintomas podem desaparecer em minutos, horas ou dias após a exposição ao ruído alto”, esclarece a coordenadora do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) do município, Andréa Rodrigues.
Quando a exposição ao ruído é repentina e muito intensa, pode gerar o trauma acústico (lesões no ouvido interno) temporário ou definitivo nas estruturas do ouvido. Para alertar as pessoas sobre os cuidados necessários com a saúde do ouvido foi criando o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, comemorado nesta quinta-feira, 10.
A Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Cerest realiza parcerias com empresas para o desenvolvimento de ações educativas permanentes e atendimento a trabalhadores com demanda especializada em saúde do trabalhador. De acordo com a coordenadora da referência técnica de Saúde da Pessoa com Deficiência da Sesma, Andrea Baker, o atendimento da pessoa com deficiência auditiva tem uma das redes de atendimento mais complexas e completas em Belém.
“Detectada perda auditiva, a pessoa continua o tratamento através de consultas especializadas e exames audiométricos/audiológicos. Sendo esses solicitados pela Unidade Municipal de Saúde, de qualquer distrito administrativo de Belém, através de ficha de referência e contra referência encaminhados ao Departamento de Regulação (DERE)”, detalha. “Atualmente o município de Belém possui uma rede conveniada que realiza vários testes e exames audiológicos”, completa.
De uma família de sete irmãos com deficiência auditiva, Maria Rosemari Guedes, 52 anos, é servidora pública há 15 anos e conta sobre quando começou a usar aparelho auditivo. “Minha vida ficou mais feliz depois que comecei a usar o aparelho, há 20 anos. Não consigo esquecer da primeira vez que escutei minha filha me chamando de mãe”, relembra emocionada. “Nos dias que, por algum motivo, fico sem usar o aparelho, fico triste. Não é a mesma coisa”, conta a servidora que faz tratamento na rede municipal de saúde.
Quando há necessidade de aparelho auditivo, os pacientes atendidos na rede municipal de saúde são encaminhados para instituições conveniadas, como o Instituto de Saúde Auditiva – ISA Pará e o Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza.
“É importante salientar a importância do acompanhamento dos usuários da terceira idade, pois com o envelhecimento natural dos órgãos, é possível ocorrer perdas auditivas mais intensas, as quais podem ser monitoradas com exames periódicos de audiometria em favor da qualidade de vida”, aconselha, destacando que a população pode buscar atendimento em qualquer unidade de saúde.
Texto: Andreza Carvalho
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								