Aldeia Cabana Davi Miguel perpetua a cultura popular em Belém

Com a chegada do final de semana de carnaval, uma das maiores manifestações da cultura popular do Brasil, alguns símbolos marcantes da festa de Momo se tornam mais presentes no cenário da cidade de Belém que, na década de 90, escreveu seu nome na história do carnaval brasileiro apresentando grandes espetáculos com suas escolas de samba tradicionais.

Sem dúvida a Aldeia Cabana Davi Miguel, localizada no bairro da Pedreira, é o marco maior do carnaval em Belém. Fundada no ano de 2000 na segunda gestão do então prefeito Edmilson Rodrigues, o espaço é considerado a avenida do samba na capital paraense por ser nele que as escolas de samba e blocos carnavalescos de Belém desfilam nos dias de folia. O arquiteto José Rayol foi o responsável, ao lado do também arquiteto Edmilson Rodrigues, pelo projeto do templo do carnaval em Belém.

“O prefeito Edmilson Rodrigues, ao criar a Aldeia, estava preocupado em disponibilizar um espaço próprio para as manifestações culturais como o carnaval, em uma Belém que não possuía ainda esse espaço. Foi aí que nasceu essa infraestrutura com 108 camarotes e lugares para mais de 3 mil pessoas nas arquibancadas”, explica Rayol sobre a criação da Aldeia Cabana.
Não existe carnaval na Aldeia Cabana sem outra figura importante na festa, o carnavalesco. Esse é o profissional responsável por montar a concepção artística dos desfiles de acordo com a temática, com o samba enredo sugerido. O professor de artes e carnavalesco há mais de 20 anos, Paulo Anete, é um desses profissionais.

“Carnaval é uma grande sala de aula, eu diria que até de universidade, onde tem muita pesquisa mergulhada em grandes espetáculos apresentados ao público. As pessoas que promovem esse carnaval, o artesão, o músico, a costureira, ajudam a identificar o carnaval enquanto cultura”, conta Paulo Anete sobre o sentido do carnaval para ele.

O porta-estandarte, uma particularidade de Belém

A figura de um sambista que dança na avenida carregando o enredo e o pavilhão da agremiação em um estandarte é algo que se firmou como tradição na festa do Rei de Momo em Belém. O porta-estandarte é um dos elementos julgados, assim como fantasia, harmonia, alegorias entre outros, em um desfile. Cabe a ele garantir três notas 10 para a escola de samba.

O porta-estandarte já foi elemento presente em todas as agremiações carnavalescas do Brasil sendo substituído, com o passar do tempo, pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira. Mas Belém, indo na contramão, manteve esse símbolo como elemento carnavalesco sendo uma das poucas cidades que ainda conta com essa figura em seu carnaval.

O profissional de dança Feliciano Marques desempenha o papel de porta-estandarte no Império de Samba Quem São Eles, do bairro do Umarizal, há cerca de 10 anos. Ele também já realizou pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Artes (PPGArtes) da Universidade Federal do Pará (UFPA) sobre essa figura do carnaval.

Para Feliciano Marques o carnaval é uma celebração da exceção da cultura do Brasil dentro da sociedade. Ele sintetiza o significado da dança do porta-estandarte. “Quando eu giro o meu estandarte estou vivenciando todas as pessoas que levantaram o carnaval de Belém, o carnaval do Brasil como um todo”, diz Feliciano.

Conheça mais sobre essas figuras que ajudam a fazer o carnaval de Belém assistindo aqui o vídeo da campanha de carnaval da Prefeitura de Belém.

Texto: Fabricio Lopes

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