A professora de Língua Portuguesa, Lilia Lopes de Azevedo, responsável pela biblioteca escolar, conta que cerca de 100 estudantes do 6º ao 9º ano participaram da competição. O tema proposto foi “Minha amiga onça-pintada, não vamos deixar as nossas florestas serem devastadas”, para debater as lendas das florestas e a importância de preservar a natureza.

Durante os encontros pela plataforma Google Meet, Lilia apresentou os autores paraenses que exploram as lendas e animais da região, como Antônio Juraci Siqueira, que com o livro “Paca, tatu: cutia não!”, traz a fauna paraense e José Arnald com o livro-gibi “O defensor da Floresta”, que traz o encantamento do curupira. Ela também aproveitou para ampliar a discussão a partir do caso da onça Amanaci, que teve as patas queimadas durante o incêndio nas florestas do Pantanal, em 2020.

Concurso – A proposta era escrever um poema para a onça-pintada Amanaci para que os alunos mostrassem o seu posicionamento diante das queimadas. A solidariedade ao sofrimento dos animais foi intensamente destacado nos versos. No final do ano a biblioteca escolar produzirá um livro com os textos dos alunos.

Outra aluna premiada foi Estefany Celine Robeiro, de 14 anos, estudante do 8º ano. “A escola valoriza bem a leitura e ter uma biblioteca escolar é muito importante. Por conta da pandemia parei de escrever e este concurso me despertou de novo para a escrita. A gente precisa valorizar os escritores paraenses e hoje eles estão aqui para incentivar ainda mais a nossa escrita”, disse a estudante que escreveu o poema “Devemos proteger as onças”. Ela conta que é privilegiada pelo incentivo à leitura também em casa.

Pandemia – A professora Lilia lembra que a biblioteca escolar é um espaço acolhedor que na pandemia tornou-se ainda mais. “Eles sentiram muito a falta deste espaço. Fiz o possível para manter a biblioteca viva, promovendo encontros virtuais e disponibilizando livros em pdf com download autorizado.O concurso foi uma motivação a mais para que eles escrevessem", disse a professora, ressaltando que para o aluno é muito gratificante ser reconhecido e valorizado neste momento de pandemia.

Encontro – Os escritores Antônio Juraci Siqueira e José Arnold com o carisma e encantamento que só os poetas têm, estavam felizes de suas obras serem lidas pelos alunos. “É com alegria que a gente leva a nossa literatura para as escolas. Nós escritores tiramos o chapéu para o trabalho dos professores, porque somos conhecidos pela divulgação que eles fazem. Este meu livro “Paca, tatu: cutia não!” é o mais adotado em escola, e já está na terceira edição. Nele desperto nas crianças o interesse pelos animais com um glossário da nossa fauna”, explica Siqueira.

“É uma honra poder contribuir de alguma forma com a formação literária das crianças de Belém, com conteúdos que são nossos. Muitas vezes, as crianças do norte e nordeste consomem produções de fora. Então este movimento ajuda a promover a nossa identidade cultural na população local", avalia José Arnald que, com o livro “O defensor da floresta”, traz a lenda do curupira e mistura a linguagem literária com a linguagem de quadrinhos. "Fiquei muito feliz de saber que o livro vai ganhar vida e que as crianças vão poder fazer recontos, dramatizações, e transformar o curupira em várias linguagens", comemora o autor.

Durante a premiação teve contação de histórias e um lanche especial para os alunos e responsáveis.

Texto: Tábita Oliveira