Diagnosticado com diabetes aos 15 anos, o ex-feirante Everaldo Moreira Afonso, 43, também é hipertenso, obeso e tem sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Há dois meses, ele é um dos pacientes que recebem assistência domiciliar prestado pela equipe do Melhor em Casa, programa implantado pela Prefeitura Municipal de Belém para atender em domicílios pessoas que não possuem condições de se deslocar para tratamento ou que estavam internadas em hospitais e possuem condições de continuar a internação em casa.
Seu Everaldo, devido às suas limitações de saúde, não pode falar, mas sua mãe e cuidadora, Cleidiane Afonso, conhecida como dona Maria, 71 anos, expressa a alegria em ver o filho progredir para um diagnóstico mais positivo. “Ele está sendo muito bem atendido por esta equipe muito atenciosa. Eu, que acompanhei a trajetória do meu filho, percebo cada avanço que ele tem. Antes ele não mexia os braços, agora já faz esses movimentos, ele já senta sem apoio, está emagrecendo, fica sozinho e, principalmente, percebo que ele está feliz”, afirma dona Maria, que acrescenta que reza todos os dias pela vida dos profissionais que atendem seu filho.
Assim como seu Everaldo, outros 51 pacientes são ou já foram atendidos pelas equipes multiprofissionais do Melhor em Casa, que são compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais, fisioterapeutas, motoristas e assistentes administrativos. Atualmente o município conta com duas equipes atendendo pacientes que moram nos bairros do Barreiro, Sacramenta, Benguí, Parque Verde e Mangueirão.
De acordo com a coordenadora do programa, Karen Tavares, a Secretaria Municipal de Saúde optou por iniciar com duas equipes para estruturar a implantação do programa e já no início encontrou muitos pacientes acamados. “Muitas famílias residentes nesses bairros já receberam atendimento das equipes. São pessoas que necessitavam muito de acompanhamento dos profissionais de saúde e não tinham condições de acessar o serviço. Eram pessoas que não recebiam os cuidados necessários, a maioria com úlceras de pressão na pele, em situações difíceis tanto para o paciente quanto para a família que cuida”, conta.
Era o caso do seu Carlos Rodrigues, 62 anos, que estava há vários meses acamado, sem movimentos no lado esquerdo e totalmente dependente dos filhos após um AVC. Há três meses ele é atendido pelo programa Melhor em Casa. Sua evolução é avaliada três vezes na semana pela equipe que o acompanha e cada movimento a mais é comemorado. “A equipe é muito boa e percebo a minha melhora. Ainda sinto minha perna pesada, mas já fico sentado e me sinto muito melhor”, diz com tranquilidade antes de ser estimulado a dar alguns passos. “Eu já espero a visita delas porque elas fazem muita diferença pra mim”, garante o idoso.
Para Sheila Aguiar, médica do Melhor em Casa, o avanço de cada paciente, as histórias individuais são alguns estimulantes do trabalho. “Quando chegamos fazemos toda uma avaliação do estado do paciente e atuamos conforme as suas necessidades. Ficamos muito felizes quando o resultado é positivo”, destaca.
O secretário municipal de Saúde, Sérgio Figueiredo, afirma que a meta é ampliar o Melhor em Casa em 2016. O objetivo é ter 14 equipes implantadas no município para que todos os bairros sejam cobertos. Segundo ele, a Prefeitura não mede esforços para proporcionar este cuidado mais humanizado. “Estamos trabalhando muito por uma saúde melhor, mais humana e preventiva. Para nós, é gratificante poder dar ao paciente o cuidado necessário sem tirá-lo do conforto da sua casa e da companhia da sua família, que também é orientada pela equipe do Melhor em Casa sobre o cuidado com o paciente. Desta forma, liberamos leitos nos nossos hospitais e damos condições para que o paciente tenha seu restabelecimento de saúde com profissionais qualificados e comprometidos”, afirma.
Podem receber o atendimento do Melhor em Casa pessoas com úlcera de decúbito (escara), doenças crônicas pulmonares, problemas respiratórios com necessidade de oxigenoterapia domiciliar, condições que necessitam de medicamentos parenterais (injeções intramuscular, endovenosa, intradérmica e subcutânea, além das administrações sublingual e retal), sequelados de Acidente Vascular Cerebral, com cardiopatias, hepatopatias crônicas, neoplasias, HIV, Parkison e Alzheimer e que necessitem de monitoramento de sinais vitais.
A coordenadora do programa, Karen Tavares explica que a assistência domiciliar também pode ser feita para reabilitação de pessoas com deficiência permanente ou transitória, acompanhamento de recém-nascidos com baixo peso, necessidades de exame laboratoriais de rotina, nutrição parenteral, vítimas de acidentes de trânsito, cuidados com traqueostomias, adaptação do usuário ao uso de sondas e ostomias, aspiração das vias aéreas e cuidados paliativos.
Os pacientes atendidos pelo Melhor em Casa são encaminhados pela Atenção Básica, pelos Hospitais de Pronto-Socorro Mário Pinotti e Humberto Maradei Pereira, pela Unidade de Pronto-Atendimento de Icoaraci e por solicitação dos próprios familiares feita nas Unidades de Saúde com equipes do programa.
Texto: Paula Barbosa