Foi no domingo de Círio de 2014 que seu Carlos Damasceno, 53 anos, procurou a Unidade Municipal de Saúde de Urgência e Emergência do Carananduba, em Mosqueiro, para fazer um curativo. Seu caso era grave, uma ferida já tomava conta da área entre o joelho e o pé. Ele já estava com a cirurgia de amputação da perna agendada para a quarta-feira seguinte. Sem renda, debilitado, sem poder andar, em depressão e com a perna enrolada em um lençol, seu Damasceno estava sem esperança.
Acolhido pela equipe da UMS do Carananduba, ele foi atendido pela enfermeira Márcia Mercês, passou por atendimento médico e foi encaminhado para o curativo e tratamento com antibióticos. “Ele estava com a diabetes descontrolada e uma ferida que se expandia pela perna. Foi aí que resolvemos assumir o compromisso de fazer o curativo todos os dias na perna dele. Após a avaliação médica, a cirurgia de amputação foi desmarcada. Nosso objetivo era salvar a vida e a autoestima dele”, relembra a enfermeira Márcia.
Unidos por um elo de confiança e uma grande esperança, seu Damasceno e a equipe da unidade iniciaram as sessões de curativo. Todos os dias da semana a ambulância da unidade ia buscá-lo em casa. “Devido ao estado dele, tivemos que quebrar alguns protocolos para ajudá-lo. Fizemos vários testes de tipos de placas de curativos e as que mostravam mais resultados eram persistidas. Era e é um trabalho de paciência. Gradualmente, a ferida foi reduzindo e sua gravidade diminuindo. Ao mesmo tempo, víamos a mudança do seu Damasceno. Hoje ele está quase de alta”, conta Márcia.
O sorriso estampado no rosto e a gratidão pela equipe da UMS Carananduba são mantras na vida de seu Damasceno. Segundo ele, a depressão em ver sua perna deformada e a dor que sentia, já fazem parte de um passado que deixou muitas lições. “Hoje já estou voltando a pescar, ainda uso a cadeira de rodas, mas consigo ter sustentação nas pernas para ficar em pé e ter mais autonomia. A diabetes também está sob controle. Só tenho a agradecer o apoio que recebi em todos os aspectos”, diz.
O trabalho desenvolvido com seu Damasceno se repete com outros usuários da unidade, que encontraram nos curativos especiais a esperança de cura. De acordo com a enfermeira Márcia, outros quinze pacientes estão também em tratamento na UMS. “A maioria é pé diabético. Mas além do curativo, nós fazemos toda conscientização e orientação sobre o problema para que não só as feridas sejam tratadas, mas sim a pessoa por completo”, afirma.
A sala de curativo foi reativada em 2014, quando a Prefeitura Municipal de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, revitalizou a UMS de urgência e emergência do Carananduba. A unidade passou pela primeira reforma após 14 anos. “É um trabalho que mostra que damos valor a estes usuários. É recompensador ver a alegria e a fluidez do paciente, seu bem-estar estampado nos olhos. É muito bom ver essas pessoas retornando à vida, com saúde, sorriso e agradecimento estampados no rosto”, ressalta a enfermeira Márcia.
Os curativos na UMS do Carananduba são feitos diariamente, de 8h às 11h e 13h às 17h.
Texto: Paula Barbosa
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								