Por duas vezes seguidas Belém foi considerada a capital nacional da amamentação. Somente em 2013, o município conseguiu que 85% das crianças menores de seis meses e acompanhadas pelas equipes das Estratégias Saúde da Família mamem exclusivamente no peito. É o que aponta o levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), com base nos dados do Sistema de Informação da Atenção Básica, do Ministério da Saúde.
As informações foram apresentadas nesta quarta-feira, 6, durante o ciclo de palestras em alusão à Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM), ocorrido no auditório Albano Franco, da Fiepa. Cerca de 200 pessoas participaram do encontro, que teve como tema este ano “Aleitamento Materno: uma vitória para toda a vida!”, e como lema “Promover, proteger e apoiar o aleitamento materno na contagem regressiva para alcançar os Objetivos do Milênio e mais além“.
Para a coordenadora da Referência Técnica de Nutrição da Sesma, Taís Granado, a amamentação passa por um grande desafio, pois ainda há muitos mitos e tabus sobre a prática. A nutricionista salienta que mãe e bebê são grandes beneficiados com este ato e têm muitos ganhos, principalmente na saúde, uma vez que a criança, ao sugar o leite, também ingere os anticorpos da mãe, passando a ter uma “vacina natural”.
“O leite materno só tem vantagens. Protege a criança contra doenças comuns na infância, ajuda no desenvolvimento da fala, de fácil digestão e é rico em nutritivos, por isso que, nos primeiros seis meses, a criança não precisa nem beber água. Nós orientamos às mães que procurem amamentar em um local calmo, sem pressa, para que haja uma troca de afetividade entre os dois. O bebê se sente mais seguro e protegido”, explica Granado.
De acordo com a secretária municipal de Saúde, Selma Alves, Belém tem investido para atingir os objetivos propostos pela Organização Mundial da Saúde, mas ainda possui muitos desafios a superar. “Hoje estamos com 98 equipes de Estratégia Saúde da Família atuando em bairros e distritos de Belém, orientando as mulheres quanto à importância da amamentação. Além disso, estamos com 71% das unidades municipais de saúde com o Programa de Amamentação Exclusiva (Proame) implantado. Temos muito interesse no incentivo do aleitamento materno porque a criança que mama é mais saudável, feliz e inteligente”, destaca a secretária.
Entre as ações implementadas pelo município estão: maior acesso ao pré-natal, ampliação do Proame nas unidades de saúde, melhoria do sistema de água e esgoto em parceria com a Saaeb, Estratégia Amamenta Alimenta Brasil em 14 unidades de saúde e, em breve, a Sala de Apoio à Amamentação e posto de coleta de leite na UMS Benguí II.
De acordo com a OMS, a amamentação deve se feita por, no mínimo dois anos, e de maneira exclusiva até os seis meses. Ela proporciona energia e nutrientes de excelente qualidade, ajuda a prevenir a fome e a desnutrição. Todas as mães podem alimentar seus bebês independentemente da classe social a que pertença, pois não representa mais uma despesa no orçamento familiar, diferentemente da alimentação artificial.
O evento foi organizado pela Referência Técnica da saúde da Criança e do Adolescente da Sesma, em parceria com a Coordenação Estadual da saúde da Criança. Participaram também da programação a Santa Casa de Misericórdia do Pará, Pastoral da Criança, Universidade Federal do Pará, Corpo de Bombeiros do Pará – Projeto Bombeiros da Vida, sociedade paraense de pediatria, Federação das Indústrias do Estado do Pará, Prefeitura de Belém, Governo do Estado, gerentes de unidades de saúde de todo o Pará e os agentes comunitários de saúde.
Semana de Amamentação
A Semana Mundial da Amamentação (SMAM) foi lançada pela WABA (Aliança Mundial para Ação em Amamentação) em 1992, com o objetivo de dar visibilidade ao aleitamento materno, incentivando todos os grupos do mundo a trabalhar concomitantemente uma de suas facetas e a colocá-la na mídia, para ampla divulgação.
Este ano o tema da SMAM reafirma a importância de incrementar e dar suporte às ações de proteção, promoção e apoio à amamentação, dentro dos planos para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio em 2015 e para sua continuidade nos anos subsequentes. A amamentação ótima está no topo da lista de intervenções preventivas eficazes para a sobrevivência da criança. A amamentação e a alimentação complementar adequada têm um impacto mais positivo que o alcançado com a vacinação, água tratada e saneamento.
Texto: Paula Barbosa