Salomão Habib e Valdecir Palhares produziram belíssimas peças musicais sobre a Cabanagem. Há inúmeros romances sobre a Cabanagem e, nos últimos trinta anos, governos estaduais e municipais, como o governo do povo de Edmilson Rodrigues, tomaram o maior movimento revolucionário como tema de identidade.
Hoje, 7 de janeiro, celebramos o início do movimento cabano, como a tomada do Palácio de governo e a morte de Lobo de Souza. Hoje, há 186 anos, Belém vivia o seu momento mais emblemático para tomada do poder. Homens e mulheres, sim mulheres, foram às armas, produziram farinha e lideraram grupos e ações na capital da província e nos interiores do Grão Pará, sofrendo toda a sorte de violência da sociedade patriarcal paraense.
Não é possível, em poucas linhas, delinear o que foi a Cabanagem, pois, talvez, a pergunta não seja o que foi, mas o que nos resta. Quais as memórias que ao longo dos seus quase duzentos anos foram construídas? Quais os silêncios que foram perpetrados? Quais as narrativas que penalizaram caboclos, negros, índios e ribeiros?
Neste sentido, cabe ao poder instituído, democraticamente, revirar a história, olhar nas entranhas e contar, fotografar, encenar, pintar, postar, projetar, mapear, enfim tomar a história não só como lição, mas como elemento de constituição da nossa cidadania.
Bom dia de lutas, povo cabano.
Michel Pinho.
Historiador, fotógrafo e Presidente da FUMBEL.
Texto: Enize Vidigal