Seis meses de vida pode parecer pouco tempo, mas para quem trabalha na produção artesanal de açaí corresponde a um período de grande evolução, capacitação e reciclagem, pois em setembro de 2015 era inaugurada a Casa do Açaí, um espaço modelo, implementado pela Prefeitura de Belém, com toda estrutura para atender às necessidades de orientação e qualificação dos manipuladores de açaí do município. Já são 1477 manipuladores capacitados desde 2015.
Para a agente de Vigilância Sanitária Fabiane Ramos, a evolução é perceptível no modo de agir e na procura constante dos batedores de açaí, que, hoje, vêm até de outros municípios para procurar capacitação em Belém. “Recebemos pessoas de Ananindeua, Benevides, Barcarena, Igarapé-Miri, que chegam aqui buscando aprender mesmo, como higienizar o fruto, como fazer o branqueamento, evitar a contaminação do açaí”, diz Fabiane.
A Casa do Açaí conta com um trabalho integrado do Departamento de Vigilância Sanitária, Secretarias Municipais de Economia e Saúde, e Associação de Vendedores Artesanais de Açaí de Belém (Avabel), que buscam garantir mais qualidade no produto oferecido aos consumidores belenenses.Para isso são realizadas não só capacitações, mas também vistorias nos estabelecimentos.
“Aqui nós conseguimos concentrar melhor o trabalho, ampliar o número de inspeções, monitoramento, pois não adianta ir só uma vez ao ponto de açaí, é preciso fazer um acompanhamento”, ressalta a gerente da Casa do Açaí, Camila Miranda.
De acordo com Camila, o número de inspeções aos pontos de venda de açaí em Belém vêm sendo intensificado pela Vigilância Sanitária. Foram 1913 estabelecimentos vistoriados em 2015, e apenas nos três primeiros meses de 2016 esse número já chega a 637. Em contrapartida, o número de denúncias sobre estabelecimentos que não cumprem as normas diminuiu nesses seis meses de trabalho. A gerente da Casa do Açaí reforça que “quem quiser fazer denúncias, obter informações ou orientações pode entrar em contato pelo número 3236-1138”.
No que diz respeito ao selo Açaí Bom, emitido pela Prefeitura de Belém, que garante que o produto vendido no local atende as normas de higiene e qualidade exigidas pela Vigilância Sanitária, no início de 2015, existiam apenas 14 pontos de venda de açaí certificados. Hoje, são 138 estabelecimentos certificados com o selo Açaí Bom. “Nossa meta é de nos próximos seis meses selar entre 50 e 60 estabelecimentos, pois são locais que a gente já vem monitorando”, afirma Camila.
A criação do aplicativo “Açaí Pai d’égua” é outra ferramenta que vem contribuindo para a conscientização dos consumidores de açaí da capital, que através do aplicativo podem verificar quais pontos estão certificados e até ligar para o local. “O mais importante é que além de estarmos ampliando o número de estabelecimentos licenciados, os próprios batedores de açaí e a população estão criando consciência da importância disso”, afirma a vigilante sanitária Fabiane Ramos.
No período de entressafras, de janeiro a maio, a Casa do Açaí oferece cursos uma vez por semana,às terças-feiras, e de junho a dezembro os cursos ocorrem duas vezes por semana, às terças e quintas. Os cursos são totalmente gratuitos e contam com partes teórica e prática, onde os profissionais aprendem sobre normas de higienização e manipulação, além da técnica de branqueamento do fruto, responsável pela eliminação de microorganismos como o inseto barbeiro, causador da doença de Chagas.
“A técnica consiste em, após a lavagem simples do açaí, mergulhar o fruto na água a 80° C por dez segundos, e depois passar o fruto por um processo de resfriamento em água fria”, explica Fabiane Ramos.
A Casa do Açaí funciona na travessa do Chaco, nº 1490, entre Duque de Caxias e Visconde de Inhaúma, no horário de 8h às 17h.
Texto: Kennya Corrêa
