O empresário Ná Figueredo separa diariamente o lixo orgânico dos materiais que podem ser reciclados ou reaproveitados. “Há muitos anos utilizo duas lixeiras no meu apartamento. Em uma eu coloco restos de alimentos e na outra armazeno papéis, latas e plásticos”, explica. Com o método tradicional de coleta, no entanto, tudo se mistura novamente.
Figueredo mora e trabalha no bairro de Nazaré e diz aguardar com ansiedade o início da coleta seletiva que a partir do mês de setembro será implantada no bairro pela Prefeitura de Belém, em parceria com a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis (Concaves). “Fico muito feliz em saber que o trabalho que tenho em separar o lixo não será em vão e que agora o lixo será coletado de forma separada e terá destinos distintos e adequados”, comemora.
O diretor do Departamento de Resíduos Sólidos da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), Kleber Ramos, adianta que os catadores de recicláveis percorrerão nas segundas, quartas e sextas os imóveis localizados nas Avenidas Braz de Aguiar, Gentil Bittencourt e Conselheiro Furtado, desde a Av. Serzedelo Correa até a Av. Alcindo Cacela, incluindo as vias transversais.
Nas terças, quintas e sábados a coleta ocorrerá ao longo das Avenidas Nazaré, José Malcher, João Balbi, Boa Ventura da Silva e transversais, desde a Boa Ventura da Silva até a Avenida Nazaré.
Com o novo sistema de coleta, o empresário acredita que os hábitos das pessoas com relação ao lixo terão que mudar. “No prédio onde moro, na Avenida Nazaré, percebo que os moradores em sua grande maioria não fazem a separação do lixo. Tudo é misturado para que seja feita a coleta no final do dia. Restos de comida vão sempre na mesma sacola de latas e garrafas pet”, lamenta.
O empresário possui uma loja localizada na Avenida Gentil Bittencourt e garante que a preocupação com o lixo na empresa é a mesma que na sua residência. “No trabalho, a quantidade de materiais recicláveis é sempre maior em comparação aos orgânicos. Descartamos muitas embalagens de papelão, plásticos e garrafas. Mas a orientação é para nunca misturar esse tipo de material com restos de comida”, ressalta, reconhecendo que esse tipo de produto pode ser convertido em fonte de renda para muitas famílias que trabalham com recicláveis.
O diretor da Sesan explica que uma grande divulgação será feita para orientar os moradores de Nazaré sobre os procedimentos de separação do lixo. “Será uma campanha ambiental que trará informações sobre procedimentos de separação dos resíduos, bem como para repassar os roteiros da coleta seletiva, que será diferente da coleta tradicional”, explica Ramos.
Os materiais orgânicos são restos de alimentos e resíduos do banheiro e continuarão sendo coletados pela prefeitura através dos caminhões compactadores que recolhem o lixo na porta das residências e depositam no aterro sanitário para tratamento adequado. Por outro lado, os materiais recicláveis terão como destino o Centro de Triagem da Prefeitura localizado na Avenida Bernardo Sayão, próximo do Canal da Quintino. Neste local, os produtos serão separados, compactados e destinados à venda.
Para realizar a atividade da coleta seletiva no sistema porta a porta, mais de 100 catadores de materiais recicláveis estão sendo capacitados pela Prefeitura de Belém desde o inicio do mês de agosto. Os catadores recebem orientações para realizar de forma correta o recolhimento de produtos recicláveis na porta do cidadão e também nos estabelecimentos comerciais que incluem supermercados, obras de construções, lojas e condomínios. A formação inclui aulas de cooperativismo, educação ambiental, legislação, relação pessoal e com o público, técnicas de segurança do trabalho, ações da coleta seletiva envolvendo técnica e triagem de materiais recicláveis.
A coleta seletiva vai garantir fonte de renda para os catadores. “A estimativa mensal de coleta no bairro de Nazaré vai girar em torno de 350 toneladas por mês, o que dará ampla e total possibilidade para que esses catadores cooperados mantenham sua condição de renda com a venda dos materiais coletados”, destaca.
O bairro de Nazaré, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui aproximadamente 30 mil moradores. No entanto, quase 40 mil pessoas circulam diariamente no bairro, considerando os trabalhadores e clientes das áreas comerciais, de acordo com levantamento feito pelo Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (Devs/Sesma).
Nos roteiros de coleta seletiva em Nazaré também serão atendidos os estabelecimentos comerciais que são grandes geradores de resíduos. Segundo o titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), Deryck Pantoja, a legislação define que estes estabelecimentos são responsáveis pela coleta, transporte e destinação final adequada dos produtos descartados, o que poderia ser feito com a contratação de empresas especializadas que realizam esta atividade. “Com a coleta seletiva, os grandes geradores poderão destinar os materiais recicláveis para serem coletados pelos catadores com amplo apoio da prefeitura, o que será feito sem custo para esse grande gerador”.
Para o presidente da Concaves, Jonas de Jesus Fernandes, é fundamental que a sociedade participe de forma direta deste processo. “Esta é uma experiência nova para todos os catadores e também para a população. Percebemos que muitas pessoas já fazem a separação e se preocupam em não deixar que produtos recicláveis se misturem com o lixo comum. Queremos ampliar essa prática e para isso estamos contando com o apoio da Prefeitura na divulgação da coleta seletiva que com certeza terá ampla adesão da população”, espera.
Cadastro dos grandes geradores de resíduos sólidos – O cadastro dos grandes geradores junto a Semma encerrou na última segunda-feira, 24. Cerca de 30 empreendedores efetuaram o cadastro, que iniciou no dia 22 de junho. O empreendedor que deixou de se cadastrar não poderá renovar os licenciamentos do estabelecimento.
São considerados grandes geradores de resíduos sólidos os condomínios e prédios de uso comercial e misto, supermercados, shoppings, construção civil, entre outros. O cadastramento terá prazo de validade de 12 (doze) meses, sendo renovável por igual período.
*Com colaboração de Adriana Pereira (texto) e Alessandra Serrão (fotos)
Texto: Lauro Lima