Lucas Silva, de 3 anos, foi levado pela mãe Cleidiane para tomar as gotinhas contra a poliomielite. Ao receber a dose, saboreou a vacina e reclamou do gosto, mas a mãe fez questão de frisar a importância do gesto. “Enquanto ele estiver na faixa etária da campanha, ele vai participar de todas. A vacina é muito importante para a saúde e a certeza de que meu filho estará livre dessas doenças”, explicou a jovem.
Assim como ele, milhares de crianças menores de cinco anos receberam neste sábado, 8, as vacinas da poliomielite e tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) em mais de 400 postos espalhados pelos bairros e ilhas de Belém, durante a abertura da Campanha Nacional de Vacinação contra polio (Paralisia Infantil) e sarampo. A campanha continua até o dia 28 de novembro em todas as Unidades Municipais de Saúde e Estratégias Saúde da Família.
Em Belém, a meta é vacinar mais de 92 mil crianças contra a polio e 81 mil contra o sarampo. De acordo com Orliuda Bezerra, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (Devs/Sesma), o objetivo da Campanha contra Poliomielite é manter elevada cobertura vacinal contra a poliomielite de forma homogênea em todos os bairros de Belém, visando evitar a reintrodução do vírus selvagem da poliomielite no país, garantindo assim, a condição de país certificado internacionalmente para a erradicação da poliomielite.
“Já a estratégia da Campanha de Seguimento contra o Sarampo tem por objetivo resgatar menores de cinco anos ainda não vacinados e corrigir falha primária da vacinação contra sarampo e rubéola, visando garantir a manutenção do estado de eliminação dessas doenças no país”, explicou a diretora.
O secretário municipal de Saúde, Sérgio Figueiredo, chama a atenção para a continuidade da campanha até o final de novembro e convoca os pais para o compromisso. “Nós ainda teremos mais um dia de intensificação da vacina, que será no sábado, dia 22. Mas não esperem, levem seus filhos aos postos de vacinação até o dia 28 de novembro. É um ato de cidadania, onde nós da área da saúde podemos ter a certeza de que a população está imunizada, afastando o risco das doenças e tendo qualidade de vida”.
A Poliomielite
A poliomielite, ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus (sorotipos 1, 2, 3), que pode infectar crianças e adultos através do contato direto com as fezes ou com secreções expelidas pela boca das pessoas infectadas e provocar ou não paralisia. O período de incubação varia de 5 a 35 dias, com mais frequência entre 7 e 14 dias. Na maioria dos casos, a infecção pelo vírus da poliomielite pode ser assintomática. Isso não impede sua transmissão, pois é eliminado pelas fezes e pode contaminar a água e os alimentos. Quando se manifestam, os sintomas variam de acordo com a gravidade da infecção.
A poliomielite foi praticamente erradicada nas áreas desenvolvidas do mundo com a vacinação sistemática das crianças, mas o vírus ainda está ativo em alguns países da África e da Ásia. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil, desde 1990 não são registrados casos de poliomielite e em 1994 o país recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) a Certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem do seu território, juntamente com os demais países das Américas.
Contudo, em maio de 2014, a OMS declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), sob o Regulamento Sanitário Internacional (RSI, 2005), e emitiu recomendações temporárias para reduzir a propagação internacional do poliovírus selvagem, em virtude da ocorrência de casos de poliomielite em dez países, localizados na Ásia Central, Oriente Médio e África Central.
SARAMPO
O sarampo é uma doença viral exantemática (manchas vermelhas na pele), aguda, grave, transmissível e de alta contagiosidade, sendo transmitido pelo contato com as secreções de pessoas infectadas.
O período de incubação é, em média, de 7 a 18 dias. Os sintomas são: febre alta, que inicia entre 10 e 12 dias após a exposição ao vírus, exantema coriza, tosse, olhos vermelhos e lacrimejantes, conjuntivite e pequenas manchas brancas no interior das bochechas, que se desenvolvem na fase inicial da doença.
De acordo com a OMS, mesmo com a diminuição de 78% das mortes por Sarampo no mundo, a doença ainda é comum em muitos países, principalmente Europa, África e Ásia. Mais de 20 milhões de pessoas são afetadas por Sarampo a cada ano.
No Brasil, os últimos casos autóctones de sarampo ocorreram no ano 2000 e, desde então, os casos registrados eram importados ou relacionados à importação. Entretanto, em 2013 e 2014, foram confirmados 755 casos da doença no país, com maior concentração nos estados de Pernambuco e Ceará, sendo as crianças menores de 5 anos as mais acometidas.
Texto: Paula Barbosa