José Amorim é guarda municipal de Belém há 23 anos. Quase o mesmo tempo de vida de Álvaro Nascimento, de 29 anos. Os dois compartilham o orgulho de pertencer a um dos grupamentos de linha de frente da Guarda Municipal de Belém: a Ronda da Capital, mais conhecida como Rondac. Junto com outros 34 homens eles participaram do primeiro Curso de Nivelamento promovido pela corporação para aperfeiçoar habilidades e prevenir acidentes durante operações.
"Esse grupo é a nossa segunda família. Talvez nossas horas sejam mais dedicadas ao trabalho, do que aos filhos, mas quando a gente vê a missão sendo concluída com excelência, temos certeza que a dedicação vale à pena”, afirmou Amorim, um dos instrutores do curso.
A Rondac é o grupo de motopatrulhamento de pronta-resposta, uma força auxiliar do Sistema de Segurança Pública. Além do combate diário à criminalidade, os homens da Rondac estão presentes nas operações das polícias civil e militar e atividades das secretarias municipais de Belém, como as desenvolvidas pela Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob). “Os guardas saem todos os dias de suas casas sem saber se irão voltar e a família reza pela volta deles. Aqui não podemos errar, porque essa é a garantia de voltar para casa", destacou Álvaro.
Entre as atribuições do grupamento está a escolta da imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, que tem honras de chefe de estado. “Há dois anos fazendo parte do grupamento, vivo a emoção e a responsabilidade de proteger a imagem de Nossa Senhora de Nazaré durante o Círio”, emoção que serve de incentivo para fazer o melhor todos os dias, segundo o veterano Amorim, .
Durante a rotina carregada de tensão, é fundamental manter corpo e mente em sintonia, o que é trabalhado à exaustão no curso de nivelamento da Guarda. Das aulas teóricas em uma sala de aula até a mata fechada do município de Santa Bárbara, onde foi realizada a parte prática, foram mais de 100 horas de treinamento. No curso, são utilizadas técnicas avançadas de pilotagem de motocicletas, formas de abordagens e testes de contato direto com agentes químicos, como bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, atividades fundamentais para preparar e incentivar o grupamento no controle emocional diante dos confrontos.
Situação que Nascimento garante que já viveu diversas vezes. Ele lembra que um dos momentos mais marcantes da sua profissão foi em 2013, quando um grupo de pessoas invadiu a Câmara Municipal de Belém (CMB). “Aquelas pessoas foram invadindo a Câmara e consequentemente a plenária. Então, nosso grupamento, mesmo tendo posse de armamentos, buscou a verbalização para conter a população”, lembrou Álvaro. “De forma pacífica aquelas pessoas foram saindo, não precisamos fazer uso da força para convencê-las”.
“O curso de nivelamento tem o objetivo de manter os soldados aptos para as diversas situações”, declarou o inspetor e coordenador do grupamento, João Moisés dos Santos, lembrando que os alunos assistem aulas de primeiros socorros, legislação de trânsito e verbalização (para atuar nas abordagens). “Os guardas são habilitados a usar armas de fogo, mas, também são instruídos para a negociação, que em alguns casos, garante o sucesso da operação logo nos primeiros minutos”, concluiu Moisés dos Santos.
Texto: Karla Pereira
