“Ter o coração aberto e muita vontade de ajudar o próximo”. Estas são, na opinião do técnico em enfermagem Rosivam Tupinambá, de 32 anos, as condições fundamentais para quem deseja realizar qualquer trabalho voluntário, mas, de modo especial, para os que pretendem abraçar essa causa justamente em um dos maiores eventos de rua do mundo, o Círio de Nazaré, que, anualmente, reúne mais de dois milhões de pessoas pelas ruas de Belém. Foi o que aconteceu com Rosivam, que, desde criança, sonhava em trabalhar como voluntário no Círio, mas não sabia direito como concretizar o desejo.
Já adolescente, Rosivam conheceu o trabalho dos socorristas – pessoas treinadas para abordar e transportar os romeiros que passam mal durante as procissões da Festa para os pontos de atendimento, espalhados por todo o percurso da romaria – e se encantou. Decidiu que seria um deles, mas, como não tinha nenhum tipo de formação na área da saúde, avaliou que, primeiro, deveria buscar essa qualificação. Mais tarde, começou a fazer um curso técnico em enfermagem e só aí se inscreveu para atuar como voluntário socorrista pela Defesa Civil Municipal de Belém.
A estreia ocorreu em 2011 e, no ano seguinte, ele diz ter tido uma das experiências mais incríveis da vida. Católico por formação, passava por dificuldades financeiras naquele outubro de 2012 – que acabaram levando-o a trancar o curso técnico em enfermagem – e, durante o trabalho como socorrista, lembra que fez uma promessa à Nossa Senhora de Nazaré, pedindo que, caso conseguisse logo um emprego para poder continuar os estudos, seguiria como voluntário pelo resto da vida, ou pelo menos, enquanto tivesse força física e saúde para dar conta da missão. E, assim, quinze dias depois, estava empregado.
De lá para cá, o técnico em enfermagem conta que a devoção e a vontade de ajudar o próximo só fizeram crescer. “Trata-se de uma emoção inexplicável. Poder exercitar a fé e, ao mesmo tempo, fazer o bem ao próximo, é algo incrível. Só que participa pode dizer e ver como é”, acredita.
O mesmo aconteceu com o atual coordenador de operações da Defesa Civil Municipal de Belém, Claudionor Corrêa, que participa como voluntário do Círio há cerca de 25 anos, quase o mesmo tempo em que a própria Defesa Civil atua naquela que é considerada como uma das maiores manifestações religiosas do mundo. “Comecei como voluntário, depois fiz um concurso para o município e, há cinco anos, estou na Defesa Civil, o que acabou sendo, para mim, a junção do trabalho com um dos maiores prazeres que tenho na vida, o de ajudar o próximo”, ressalta.
Segundo Claudionor, o trabalho do órgão envolve, além dos socorristas, a coordenação de, respectivamente, seis e oito postos de atendimento espalhados pelo trajeto no sábado (Trasladação) e domingo (Círio). Para esses locais, são levadas as pessoas atendidas pelos socorristas, normalmente desmaiadas, em função de fatores como o calor, a desidratação e a má alimentação. Nos postos, médicos e técnicos da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) e da própria Defesa Civil prestam os atendimentos seguintes a esses pacientes. No ano passado, cerca de dois mil voluntários, entre novos e permanentes, atuaram pela Defesa Civil Municipal de Belém. Neste ano, a meta é chegar a 2,5 mil.
De acordo com o coordenador de operações, para participar, basta ser maior de 18 anos e, no caso de mulheres, não estar grávida. Também é preciso frequentar um treinamento em primeiros-socorros, oferecido pela própria Defesa Civil. Todo o processo é gratuito e os voluntários recebem, ainda, o uniforme que deverá ser utilizado nos dias do evento. As inscrições estão abertas e podem ser feitas até o dia 26 de setembro, na sede da Defesa Civil, localizada na travessa Campos Sales, 33, entre 15 de Novembro e Boulevard Castilho França, das 9 às 16 horas, de segunda a sexta-feira. Entre os dias 29 de setembro e 06 de outubro deve acontecer o treinamento para os voluntários. Para maiores informações, os interessados podem ligar para os telefones (91) 3242-5332 e 3283-4100.
< Texto: Elck Oliveira
