Escola Municipal de Dança apresenta "Alice através do espelho"

A Escola Municipal de Dança de Belém apresenta nesta terça (16) e quarta-feira (17), no Theatro da Paz, a XXII Mostra de Dança “Alice Através do Espelho”. O espetáculo encerra as atividades da Escola em 2014 e leva mais de 340 alunos/bailarinos ao palco mais cobiçado da cidade.

“Alice Através do Espelho e O Que Ela Encontrou Por Lá” foi escrito por Lewis Carroll seis anos depois de “Alice no País das Maravilhas”. Dessa vez, nada de tocas de coelho. Alice está na sala de casa e observa o grande espelho que cobre a parede em cima da lareira, se perguntando como seria o outro lado: existiria uma sala igual à que ela estava sentada, mas totalmente ao contrário, onde os livros são escritos de trás para frente e não se enxerga o que existe além do corredor? Então, ela atravessa e vai parar num mundo fantasioso onde tudo é permeado pela reflexão do espelho e por regras e peças do jogo de xadrez.

Foi esse universo fantástico o tema escolhido pela Escola Municipal de Dança, da Secretraia Municipal de Esporte, Juventude e Lazer, para a XXII Mostra de Dança. "Escolhemos este tema para oportunizar nossos alunos a experiência de contar por meio da linguagem corporal e artística da dança, a história encantadora desse clássico infantil, bem como alimentar o imaginário deles e oportunizar a reflexão por meio da contextualização da história", explica a professora Elisângela Beleza, coordenadora geral do espetáculo.

No palco, os 343 alunos/bailarinos da Escola Municipal de Dança vão mostrar, em 15 coreografias, as aventuras que levaram Alice da sala de casa ao encontro com a rainha. A cada noite de espetáculo 172 bailarinos estarão em cena entre crianças, jovens, cadeirantes e idosos, todos atendidos pelos projetos da Escola Municipal de Dança de Belém.

Assim, as coreografias são dançadas por turmas diferentes no primeiro e no segundo dia de espetáculo. "Cada coreografia tem seu grau de dificuldade, dependendo do nível da turma e da complexidade dos movimentos. Como todo processo criativo, foi difícil no início, mas depois de meses de ensaios chegamos à sintonia dos movimentos coreográficos com a música e transformando a ideia inicial em resultado",ressalta a coordenadora geral.

Essa é a segunda vez em 22 anos que a Escola Municipal de Dança de Belém faz uma apresentação no Theatro da Paz, uma experiência inesquecível para os alunos e para as famílias que estarão na plateia nos dois dias de apresentação. Uma oportunidade de mostrar o que aprenderam e conhecer uma parte importante do patrimônio cultural do Pará. "O nível de ansiedade das alunas é muito grande, a expectativa também. Pela proposta, pelo tema e pelo glamour do Theatro da Paz que é um sonho para todo bailarino", conta a professora Simone Pereira, que assina o roteiro do espetáculo.

EXPECTATIVA

A expectativa das crianças e adolescentes é compartilhada por mães e avós. A filha da dona de casa Carliana Moares está na Escola há um ano e vai participar do primeiro espetáculo. A mãe está contando as horas para ver a filha no palco. "Para mim está sendo um prazer ver a emoção dela, que gosta tanto do que faz.O que a Sejel está fazendo por essas crianças é lindo, é maravilhoso".

A autônoma Kátia Fonseca compartilha a mesma ansiedade. "Acho maravilhoso tudo isso, a oportunidade de mostrar o talento das crianças, o trabalho que está sendo desenvolvido. Olho para minha filha e vejo uma estrela", conclui.

Letícia da Fonseca também poderia ser chamada de estrela, mas dispensa o título. A adolescente de 13 anos será Alice, a protagonista. Participa de 12 das 15 coreografias e define, em poucas palavras, a responsabilidade de conduzir o espetáculo. "Estou nervosa,mas maravilhada coma oportunidade.Treinei bastante para dar o melhor de mim porque é muita responsabilidade, mas quando pisar o palco do Theatro da Paz a sensação vai ser de missão cumprida", avalia a jovem bailarina.

Hictor Rafael também está ansioso para pisar no palco. Talvez um pouco mais que os outros, afinal a participação dele na XXII Mostra de Dança não se resume aos passos que serão executados diante do público. O bailarino também é responsável pelo figurino do espetáculo, criado para encantar quem estiver na plateia. Aos 25 anos de idade, ele tem a responsabilidade de assinar sozinho 22 figurinos para uma apresentação no grandioso Theatro da Paz.

"A etnocenografia quebrou um pouco a ideia que o figurisnista tem que ser um mero visualizador, ele precisa ser uma pessoa ativa da cena. Eu vou observar, mas também vou dançar para entender melhor o meu corpo e o do bailarino em cena", explica.

O figurinista buscou materiais fáceis de encontrar no mercado, mas que teriam uma assinatura inconfundível. "Optamos por materiais opacos, que não refletissem a luz. Poderia ter brilho, claro, mas não excessivamente, para dar a sensação de que cada personagem tem algo encantado nele. O diferencial é a modelagem das peças, feitas de forma que ficasse um trabalho diferenciado", afirma.

Todo o figurino foi custeado pela Sejel, uma preocupação a menos para os pais e uma responsabilidade a mais para a secretaria, que não poupou investimentos para que o espetáculo tivesse a qualidade que merece. “O investimento foi grande, mas o retorno é recompensador quando vemos o sorriso no rosto dos mais de 400 alunos de nossa Escola. É saber que estamos dando a oportunidade deles conhecer o corpo, a arte e tudo isso ajudando na construção de uma sociedade cidadã. A escola é o meio, mas são pessoas que transformam, que acreditam, que se doam, esses são os nossos professores que conduzem e vivem a Escola de Dança”, afirmou o secretário municipal de Esporte,Juventude e Lazer, Thalles Belo.

MÚSICA

Quando as cortinas do Theatro da Paz se abrirem é preciso estar atento ao som. Olhos e ouvidos devem estar na mesma sintonia. Por isso o professor Wilson Camargo criou uma trilha sonora especialmente para o espetáculo da XXII Mostra de Dança, uma iniciativa inédita no Pará. Há um ano e meio, Wilson Camargo trabalha com iniciação musical na Escola Municipal de Dança de Belém e confessa que está gostando da experiência de trabalhar com o viés música-dança.

Para compor a trilha da XXII Mostra de Dança Alice Através do Espelho, ele levou cerca de cinco meses onde o processo criativo foi permeado por leituras, pesquisas e nuances do próprio texto que serviram de guia para as composições. "Em se tratando de um texto de Lewis Carroll as possibilidades se ampliaram e colaboraram na feitura das composições, tornando as junções inevitáveis. Por isso, foram usadas várias técnicas de composição, podemos até considerar que surgiu um ecletismo composicional,quando relacionado ao conjunto das músicas compostas", esclareceu o professor.

O diferencial foi a liberdade que música e texto solicitavam, mas principalmente as próprias regras do autor na seleção de um determinado instrumento em função do outro. "Seguimos a utilização dos instrumentos clássicos, isto corresponde à orquestra com suas múltiplas possibilidades, mas há também outros instrumentos que não seguem os padrões clássicos, ou melhor, instrumentos de um outra época da história da música como, por exemplo, as flautas doce soprano e contralto e a viola da gamba".

As músicas compostas especialmente para o espetáculo vão virar um CD. “Nossa Escola Municipal de Dança é uma das poucas em que o aluno, além das aulas de ballet, tem aula de música, tornando mais fácil conhecer e ter uma melhor desenvoltura na coreografia. O professor Camargo nos deu um presente belíssimo e certamente apoiaremos na realização de um CD que deverá ser distribuído para nossos alunos e toda a rede municipal de ensino”, concluiu Thalles Belo.

Texto: Fabiana Cabral

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