Estudantes das ilhas de Belém retornaram às aulas nesta segunda-feira, 8

Às 5h os barcos escolares começaram a se deslocar das comunidades ribeirinhas para buscar os professores e alunos para o retorno das aulas presenciais nas escolas das ilhas sul, localizadas em frente ao rio Guamá.

A pequena Vitória Ribeiro Maués, de 5 anos, estudante da Escola Municipal Sebastião dos Santos Quaresma, na ilha do Combu, estava ansiosa aguardando o barco no trapiche de casa. “Hoje é um dia especial pra ela e pra mim. É o primeiro ano que ela está estudando, ou seja, o primeiro dia de aula dela. Estou muito feliz, porque vão começar as aulas. Ela também está super empolgada para conhecer a escola, os novos amiguinhos, e aprender coisas novas”, contou Odineia da Silva Ribeiro, de 52 anos, mãe da estudante, que adora desenhar e escutar histórias.

Outro aluno feliz com o retorno das aulas é o Gustado Souza, 10 anos, da EMEC Milton Montes, também na ilha do Combu. A mãe Thaís de Souza Passos, de 28 anos, conta que o período da pandemia foi muito difícil para manter os estudos em casa. “Com a falta de tempo ficou difícil estudar com eles em casa. Agradeço a Deus pelo retorno das aulas e agora espero que tudo melhore cada vez mais. O Gustavo sempre falava da falta que sentia da escola. Acho uma maravilha a educação e o cuidado que eles têm com as crianças tanto no barco quanto na escola”, informou.

Professores motivados

O sentimento também foi o mesmo para os professores. Berenice Farias, que há sete anos atua nas escolas das ilhas e hoje está na EMEC Milton Montes, conta que a paralisação das aulas foi extremamente difícil, porque o único acesso às crianças era pelo whatsapp.

“Menos de 50% dos responsáveis têm internet. E poucos pais iam buscar as atividades impressas na escola. Era difícil tanto para as famílias quanto para os educadores. Hoje, com o retorno, a gente se sente extremamente feliz. Estamos sempre motivados, mesmo nas adversidades. Mas agora, a gente tem como oferecer o melhor para as crianças com condições necessárias e o apoio da secretaria. Assim, a gente tem muito mais motivação para fazer a educação do campo”, afirma a professora.

Cada escola e anexo escolar preparou uma acolhida especial para os alunos. Na EMEC Milton Montes os professores incorporaram alguns personagens como a Doutora Sentimentos, a Dona Palavra, o Palhaço ABC, a Menina Encantada, o Mágico das Linguagens, que realizaram uma dinâmica para ambientar novamente as crianças.

22 embarcações fazem o transporte de professores e estudantes ribeirinhos

O transporte escolar fluvial é realizado por barqueiros da Cooperativa dos Produtores Agroextrativistas e dos Barqueiros do Pará (Coopbarq), que possuem 22 embarcações para atender mais de mil estudantes do distrito de Outeiro e Mosqueiro. A maioria é destinada ao distrito de Outeiro (Daout), que possui seis escolas; a EMEC Milton Montes e anexos Nazaré e Nossa Senhora dos Navegantes; EMEC Sebastião Quaresma e anexo Santo Antônio, que atendem crianças do 1º ao 5º ano, localizadas na ilha do Combu; e EMEI Cotijuba, que atende do berçário ao 3º ano, localizada na Ilha de Cotijuba. Ao todo são 625 alunos.

Esta é uma conquista da nova Coordenação da Educação do Campo, das Águas e das Florestas (Coecaf), responsável em garantir uma educação integral e transformadora dos estudantes do campo, das águas e das florestas na rede municipal de ensino de Belém, para a construção do conhecimento, proteção e dignidade da vida amazônica na sua totalidade.

"É com muita alegria que as nossas escolas ribeirinhas de educação do campo retornaram de forma presencial às aulas no dia de hoje. Depois de quase 2 anos sem aulas presenciais e de um longo processo licitatório de contratação das embarcações para o transporte escolar. O direito das crianças ribeirinhas de estudar e morar nos seus territórios é o compromisso desta gestão. Seguimos comprometidos com a garantia do direito à educação do campo com responsabilidade, qualidade e respeito aos povos do campo de Belém", informou a coordenadora da Coecaf, Valéria Lopes.

Texto: Tábita Oliveira

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