Fmae realiza avaliação nutricional nas escolas municipais de Belém

A Prefeitura de Belém, atendendo a resolução nº 26 do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), divulgou esta semana o resultado da avaliação nutricional dos alunos de 3 a 14 anos da rede municipal de ensino.

Os testes foram realizados pela Fundação Municipal de Assistência ao Estudante (Fmae) no período de outubro a dezembro de 2014, em dezessete unidades de ensino da rede e participantes do Projeto Educando com a Horta Escolar e a Gastronomia.

A avaliação do estado nutricional realizada nas escolas municipais de Belém é uma etapa fundamental no estudo de condições de saúde das crianças, para que se possa verificar se o crescimento e as proporções corporais estão se afastando do padrão esperado, por doença e/ou por condições sociais desfavoráveis, visando atitudes de intervenção.

“A avaliação é um instrumento diagnóstico, já que mede – de diversas maneiras – as condições nutricionais do organismo. É ela quem determina o estado nutricional e é resultante do balanço entre a ingestão e a perda de nutrientes. O estado nutricional do aluno é um excelente indicador de sua qualidade de vida e que tem resultado direto no desenvolvimento e rendimento escolar dele”, afirmou Carmem Brandão, nutricionista da Fmae.

A avaliação nutricional foi realizada através da aferição das medidas corpóreas, como peso e estatura. O fator idade também foi considerado, porém dividido em três divisões: menores de 5 anos, maiores de 5 anos à 10 anos e maiores de 10 anos.

Observou-se que os alunos de maneira geral apresentaram uma adequabilidade significativa para altura em todas as faixas etárias indicando prováveis condições favoráveis de saúde para a maioria dos alunos.

Com relação ao peso, cada faixa etária exibiu distribuições distintas, observando-se tendência para risco de sobrepeso para os menores de 5 anos quando relacionada ao Índice de Massa Corpórea. Porém, significativa expressão de peso adequado para a idade.

Os alunos na faixa etária maior de cinco anos e menor de dez anos exibiram uma condição de peso adequado bastante significativa, mas observou-se com relação à idade uma elevação tanto para baixo como para elevado peso. Em relação ao IMC há uma significativa tendência para a obesidade, devido os percentuais encontrados nos diagnóstico de risco para o sobrepeso e obesidade.

Para os alunos da terceira faixa etária (maiores de dez anos), predominam a altura e o peso adequados, mas com significativa tendência ao sobrepeso.

A avaliação nutricional da Fmae constatou sinal amarelo ao sobrepeso em todas as faixas etárias estudadas. Isso significa um enquadramento que requer atenção e cuidado maior. Um alerta sinalizador para a intervenção de cuidados nutricionais que impeçam o agravamento do diagnóstico.

“A Fmae já fornece um cardápio que atende as necessidades nutricionais dos alunos. Porém, intensificaremos nas escolas as palestras e trabalhos voltados à disseminação da educação nutricional e alimentar, já que precisamos da participação familiar para que possamos reverter o sobrepeso e não chegarmos à obesidade”, explicou a nutricionista Carmem Brandão.

Desde o início de 2013 que a Prefeitura de Belém não tem medido esforços para proporcionar ao alunado da rede municipal um atendimento diferenciado no que se refere à merenda escolar, fornecendo refeições que cobrem as necessidades nutricionais dos alunos durante todo o período letivo; e promovendo ações de educação alimentar e nutricional, ressaltando a importância da escola desenvolver estratégias que envolvam toda a comunidade escolar na formação de hábitos de vida saudáveis, como o projeto Educando com a Horta Escolar.

Para Walmir Moares, presidente da Fmae, “quanto mais alunos são avaliados, do ponto de vista nutricional, e quanto mais seriadas forem essas avaliações, mais intervenções podem ser instituídas, e que certamente melhorará o desenvolvimento do aluno no espaço educacional”.

Para estimular a alimentação saudável, as escolas municipais recebem, de forma intensiva, os alimentos oriundos da agricultura familiar. Dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do Pnae, no mínimo 30% deve ser utilizado na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar. A Fmae já utiliza 39%. Estes alimentos estão compreendidos entre hortaliças, frutas, polpa de frutas, entre outros.

“Meu filho fez a avaliação nutricional em novembro e já sei que em casa algumas coisas já precisam ser mudadas. Antes eu mandava lanche para ele, mesmo sabendo que tinha refeição na escola. Eu mandava o que ele gostava: refrigerante com salgadinhos ou biscoito. Não mando mais porque ele está meio gordinho e as nutricionistas me explicaram que esse tipo de comida faz mal para saúde dele. Aqui na escola, ele tem lanche mais saudável, não preciso mandar esse tipo de lanche”, afirmou a mãe do Pedro Henrique, aluno do Jardim 2, da Escola Pedro Demo, em Outeiro.

Os resultados obtidos com as crianças da rede municipal de ensino de Belém são coerentes com os dados do IBGE, pois o instituto afirma que das crianças de 5 a 9 anos, uma em cada três (33,5%) tem excesso de peso e 14,3% são obesas.

Frente ao exposto, a Fmae encaminhará a avaliação nutricional à Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) para firmarem parcerias através do Programa Saúde na Escola, e assim criar estratégias de intervenção eficientes, encaminhando para acompanhamento, em nível ambulatorial, os alunos enquadrados em classificações críticas; e, também, repetirá a pesquisa duas vezes ao ano.

Texto: Jolse Quinto

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