Funpapa realiza seminário contra a violência doméstica

"Bianca" tem 28 anos, é casada, mãe de três filhos. Desde os 15 é agredida pelo marido, usuário de alcool e drogas. "Bianca" não pode sequer dizer o nome verdadeiro para preservar a própria segurança.Nesta sexta-feira,27,ela deixou os filhos com a sogra e foi até o Centro Social da Criança e do Adolescente Santa Edwiges, no Conjunto Panorama XXI, onde a Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Papa João XXIII (Funpapa), realizou o seminário “Mulher, Gênero e Violência Doméstica”.

"Bianca" afirma que não consegue ver solução para sua história,marcada por agressões físicas, verbais e psicológicas do marido. “Eu já busquei ajuda outras vezes com o auxílio da minha mãe, mas ele voltou pior, me fez ameaças e disse que tem vontade de nos matar. Hoje eu temo não só pela minha vida, mas a vida da minha família (mãe e filhos), pois se eu sair de casa, não sei o que pode acontecer. Há três dias ele estava sumido, saiu de casa depois de que discutimos porque ele queria vender um jogo de cadeiras para comprar drogas. Meus filhos presenciaram e pediam – chorando – pra eu deixar, se não poderia apanhar”, relata a jovem.

Casos como o de "Bianca" fazem parte de uma triste estatística apresentada pela Divisão Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM). De janeiro a julho de 2015 foram registradas 3.842 ocorrências de violência doméstica contra mulher, de um total de 5.202 atendimentos realizados pela DEAM. Houve um aumento de 5,85% no número de denúncias de violência doméstica entre os anos de 2013 e 2014.Um dado tão grave quanto assustador.

Para tentar inibir histórias como essa, de agressões e deseperanças, a Fundação Papa João XXIII (Funpapa),está realizando palestras durante a campanha dos “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”. Nesse período, a Prefeitura de Belém promove atividades com o objetivo de debater e denunciar as várias formas de violência contra a mulher. A programação é organizada Funpapa e Coordenadoria da Mulher de Belém (Combel), e chama a atenção para um seminário que será realizado no dia 3 de dezembro, no auditório da Universidade da Amazônia, no campus Alcindo Cacela, a partir das 14h.

A Prefeitura de Belém oferece um espaço de acolhimento e proteção às mulheres em situação de violência doméstica, ameaçadas de morte, que são encaminhadas pela Divisão Especializada no Atendimento à Mulher (Deam). A Casa Abrigo Emanuelle Rendeiro Diniz (CAERD) existe desde 1997 e funciona em caráter sigiloso, visando contribuir para o atendimento integral das mulheres, seus filhos e familiares. Até o mês de outubro deste ano, foram 38 mulheres atendidas no espaço. Um total de 86 pessoas contando com os filhos que acompanham as mães na maioria dos casos. Os dados são do Núcleo de Vigilância Socioassistencial da Funpapa.

De acordo com a coordenadora do espaço de acolhimento para mulheres, Carlota Tourão, muitos relatos, como o da jovem "Bianca", ficam sem solução até mesmo pela falta de conhecimento. “Em 2014 verificamos que muitos casos de atendimentos às mulheres que sofreram violência doméstica, haviam sido registrados no bairro do Benguí. Então, escolhemos este local para fazer o trabalho de conscientização e divulgação do trabalho que a prefeitura realiza. Assim como Bianca, outras mulheres vão saber onde recorrer”, destacou a coordenadora.

Texto: Karla Pereira

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