Como diz o velho provérbio, ser mãe é padecer no paraíso. Um misto de prazer e dor ao mesmo tempo. No dia dedicado a elas, a prefeitura de Belém mostra histórias de servidoras que são grandes exemplos da força e do amor que, acreditamos, só uma mãe é capaz de sentir.
Uma dessas histórias é a da chefe da Divisão de Serviços Gerais da Secretaria Municipal de Esporte, Juventude e Lazer (Sejel), Marilene Valente. Abandonada pela própria mãe quando criança, Marilene fala com orgulho dos sete filhos que tem. Com idades entre nove e 18 anos, eles são a mola propulsora para toda a determinação observada na mãe.
Há dois anos chefiando a Divisão – como toda supermãe – Marilene concilia trabalho e família da melhor forma possível. “Não é fácil, muita gente me questiona por ter sete filhos, mas eu aprendi que nas dificuldades nós temos que dar um jeito para tudo. Como minha filha mais velha já tem 18 anos, o mais novo nove anos, e meu marido tem um certo tempo para me auxiliar, eu venho ao trabalho, vou às reuniões escolares, cuido dos deveres de casa dos meus filhos e saio pelo menos uma vez por mês com todos reunidos para passear. Digo sempre que eles têm a oportunidade de ter pai e mãe sempre por perto, o que eu não tive, fui abandonada pela minha mãe”, conta.
Aos 38 anos, depois de um longo tempo, Marilene decidiu voltar a estudar. Foi aprovada no curso de Gestão Pública e agarrou a oportunidade como mais uma possibilidade de aprimorar seus conhecimentos e, mesmo com toda a correria do dia a dia, garante que o esforço será recompensado.
Ela acredita que o estudo é o passaporte para um futuro melhor, para ela e para os filhos. “Eu cobro muito meus filhos sobre os estudos, digo que só terão oportunidades se estudarem. Hoje, eu estou recomeçando a minha vida, estou cursando uma faculdade aos 38 anos de idade. Como mãe, espero que eles tenham o melhor que a vida pode oferecer e sei que eles têm a vontade de serem vitoriosos”, orgulha-se.
Marilene será uma das homenageadas pela Câmara Municipal de Belém com a medalha Edilza Fonteles. Ela não esconde a emoção de ter sido escolhida entre tantas mães que batalham para superar as dificuldades, mas aproveita para reforçar os valores repassados aos seus sete filhos:
“Acho lindo quando os meus filhos dizem que sou o espelho deles, que mesmo com todas as dificuldades, eu sempre superei todas as provações com muita determinação e amor. Eu tenho a felicidade de ter meus sete filhos, pois eles nunca são empecilho para alguma atividade, ao contrário, eles são a motivação para que a cada dia eu me renove, tenha força de vontade para trabalhar e dar o meu melhor, não só como mãe, mas como cidadã”, pontua.
Da mesma forma pensa a diretora do Núcleo de Publicidade e Propaganda da Prefeitura de Belém, Márcia Ledo. Mesmo se casando cedo, aos 18 anos de idade, Márcia não pensava em ser mãe. Seu único objetivo era se formar no curso de Escola Superior de Propaganda e Marketing, em São Paulo. No entanto, onze meses depois de casada, se viu grávida do primeiro filho, Vítor.
“Foi um desespero, pois pensei logo na faculdade, que tinha acabado de começar e achava que minha vida iria parar, que eu não poderia fazer mais nada”, lembra. A distância da família, que morava em Belém, também era uma preocupação para a mãe de primeira viagem. “Naquela época, não tinha internet, uma ligação telefônica era muito cara, então, nos correspondíamos mais através de cartas. Eu vivia, praticamente isolada, pois antigamente, com os poucos recursos para a comunicação, era bem difícil se comunicar com a família e com os amigos”, conta.
Antes de descobrir a gravidez, a publicitária recorda ainda que participou de um processo seletivo de emprego para a empresa Fischer & Justus Comunicações, conceituada agência no ramo de publicidade, que tem como um dos sócios o empresário Roberto Justus.
“Trabalhar na empresa era um sonho de todo estudante de publicidade e eu fiz a primeira seleção ainda sem saber da gravidez, e fui participando dos demais processos mesmo depois de saber que seria mãe. Na verdade, não acreditava que seria selecionada”, relembra. “Até que, um dia, uma pessoa da agência ligou dizendo que eu havia sido escolhida e avisou sobre o horário de trabalho na agência, que seria das 8h até as 19 horas. Pensei em como faria, para trabalhar em um lugar longe da minha residência e com um filho recém-nascido. Foi então, que recusei a proposta, tão sonhada por muitos, para cuidar do Vítor. Abri mão da vaga, para ficar com meu filho”, conta Márcia, afirmando que não se arrependeu da decisão.
Durante a gravidez, a então estudante de publicidade trancou a faculdade por seis meses e parou de trabalhar durante dois anos. “Sou uma mãe apaixonada pelos meus filhos”, diz sorridente. “Somos muito próximos um do outro, sou muito amiga dos meus filhos que, inclusive, decidiram seguir a mesma profissão que exerço”, emociona-se Márcia, que também é mãe da publicitária Verena Ledo e espera a chegada do primeiro neto, filho de Vítor, para junho.
A guarda municipal Simone Oliveira, de 43 anos, é outro exemplo de mulher batalhadora e persistente. Viúva há sete anos, ela é mãe de dois filhos, o Klysmann Alencar, de 14 anos, e a Klyslaine Alencar, de 12 anos.
“É um desafio muito grande criar meus filhos sozinha e assumir o papel de pai e mãe. Tenho que trabalhar, ser mãe e muitas vezes esqueço o papel de ser mulher”, pondera Simone.
A guarda trabalha no órgão há mais de 17 anos e hoje faz parte do núcleo setorial de planejamento. Para ela, ser mãe requer disciplina e coragem para assumir as responsabilidades que a vida demanda, principalmente nos dias atuais, em que a violência é grande. “Ao mesmo tempo, é prazeroso, a cada dia é um desafio e um novo aprendizado, não me arrependo de nada e amo os meus filhos, por eles eu tenho força de lutar a cada dia por um futuro melhor”, conclui.
*Texto de Elck Oliveira, Fabiana Cabral, Adriana Pereira e Priscylla Gester
Texto: Elck Oliveira
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								