Aos 39 anos, Fernanda Sauluza, foi uma das moradoras de rua atendidas pelos serviços de assistência social e saúde, oferecidos na manhã desta quarta-feira, 01, pela segunda edição do projeto Rua de Direitos, promovido pela Prefeitura de Belém, no Mercado da Carne do Ver-o-Peso. “Estou aproveitando para cuidar da minha saúde, fazer uns exames e saber mais sobre os abrigos que posso morar”, disse.

O projeto Rua de Direitos promove ações de orientação e prestação de serviços para pessoas em situação de vulnerabilidade como os usuários abusivos de álcool e outras drogas. O objetivo é contribuir para a superação de dificuldades clínicas e sociais. “Nós trazemos a prefeitura para a rua. Muitas dessas pessoas não procuram pelos nossos serviços, por isso estamos vindo até eles, apesar de rotineiramente educadores da Fundação Papa João XXIII frequentarem este local falando sobre os direitos de cada um. Enquanto eles são atendidos aqui, acabam ficando mais abertos a conversar refletir sobre suas condições de vida ”, afirmou a coordenadora do programa Belém Pela Vida, Simmy Tobelem, responsável pela execução do projeto.

“Na primeira edição do projeto fomos preparados para atender 60 pessoas, mas chegamos a cem atendimentos. Por isso que hoje viemos preparados para receber 200 usuários”, completou Simmy.

Eraldo Pereira, 33 anos, relatou as dificuldades que vive há 21 anos como morador de rua. “Eu sou técnico de máquina de costura, mas nem estou podendo trabalhar, porque levaram as minhas ferramentas enquanto eu dormia. Durante todo esse tempo que estou fora de casa já procurei abrigos, mas não fico por muito tempo. Momentos como este, que estou aqui,
é bom pra lembrar que tenho que cuidar da minha saúde e que posso voltar
pra um abrigo e tentar uma nova vida”, disse Eraldo, que ainda aproveitou a ação para retirar o cartão SUS.

Também foram disponibilizados serviços de vacinação, exames para identificação de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e tuberculose; avaliação odontológica e consultas médicas. Já no campo da assistência social, foram preenchidas fichas cadastrais das pessoas em situação de rua e apresentados os serviços municipais de amparo, como a Casa Abrigo para Moradores Adultos de Rua (Camar), o Centro Pop, o Centro de Referência Especializada de Assistência Social (Creas) e o Centro de Referência de Assistência Social (Cras).

De acordo com a coordenadora da Referencia técnica da Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Vera Fonseca, muitos moradores de rua não procuram atendimentos de saúde básica por falta de conhecimento. “Não estamos aqui somente para fazer consultas e testagens. Estamos aqui deixando claro que é direito deles procurar por unidades de saúde quando for necessário”, ressaltou.

O projeto conta ainda, com a parceria da Sesma, Guarda Municipal de Belém, Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana, Secretaria Municipal de Economia, Comando de Policiamento da Capital, Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará, Secretaria de Estado de Saúde, 1º Regional de Saúde e Universidade Federal do Pará.

Belém Pela Vida – O programa foi lançando há dois anos, visando garantir uma nova política de ações articuladas que vão desde a prevenção, busca ativa de pessoas em situação de rua, até a internação de dependentes químicos. A política prevê, a partir de estudo técnico, o modo de atuação e articulação das redes de serviços no atendimento aos usuários de drogas, estando estes ou não em situação de rua, com sofrimento ou transtorno mental, no município de Belém.

A sede do Belém pela Vida fica localizada na avenida Governador José Malcher, 453, entre as travessas Benjamim Constant e Rui Barbosa.

Texto: Andreza Carvalho