Mais uma ação do Março Lilás foi realizada no Distrito de Mosqueiro. Desta vez os alvos são as mulheres quilombolas do Território Sucurijuquara, que receberam orientações sobre uso dos coletores menstruais de silicone. O Março Lilás é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) de combate ao câncer de colo do útero. De acordo com o coordenador de Referência Técnica em Práticas Integrativas e Complementares da Sesma, Rafael Cabral, o município de Belém vem estudando alternativas para disponibilizar o coletor de silicone na rede pública, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Por enquanto, o produto só é encontrado no mercado particular.
Prevenção do câncer do colo de útero – Os coletores menstruais de silicone já são fabricados e comercializados no mercado brasileiro, mas seu uso em substituição ao absorvente industrializado ainda precisa ser amplamente divulgado como forma de prevenir doenças do colo uterino provocadas pelo acúmulo das bactérias presentes à matéria-prima do produto e no próprio fluxo menstrual. Outros fatores positivos do coletor são: economia, durabilidade, preservação ambiental e mais conforto à mulher, que poderá escolher o destino final do seu fluxo menstrual.
Relação com a natureza – O uso do coletor menstrual de silicone incentiva a mulher a voltar no tempo, quando as práticas e os cuidados com o fluxo sanguíneo tinham uma relação maior com a natureza e com os ancestrais. Quem tem acima de 50 anos deve se lembrar dos conselhos das avós, que tinham no ciclo menstrual um parâmetro de controle da maternidade, humor e até dietas para evitar de cólica. Nas comunidades tradicionais alguns hábitos naturais ainda estão presentes.
Rafael Cabral explica que a Sesma encontrou em São Paulo, o fabricante dos coletores de silicone e trouxe a experiência ao território quilombola, único na jurisdição do município de Belém. “O fabricante, por meio do projeto Dona do Meu Fluxo, destina um coletor de cada dez vendidos a projetos desenvolvidos em comunidades tradicionais indígenas, quilombolas e ribeirinhas. Então, nós incluímos a palestra sobre o uso do produto na programação do Março Lilás, e realizamos as ações com as mulheres quilombolas do Sucurijuquara. Na ocasião, entregamos os kits de coletores e apresentamos os vídeos sobre o uso e as inúmeras vantagens que os coletores dispensam à mulher”, explicou.
O produto – O coletor de silicone tem durabilidade de 10 anos, os tamanhos atendem o fluxo leve, normal e intenso e qualquer mulher pode utilizá-lo, incluindo as jovens que ainda não mantiveram relações sexuais. Segundo Roberta Vale, presidente da Associação do Território Quilombola, 160 mulheres receberam o kit com os coletores e passarão a utilizá-los como forma de prevenção de doenças. “Nossa comunidade ficou muito feliz e vamos colaborar, primeiramente, com nossa saúde e depois com o contexto social, ambiental e cultural que o produto representa”, destacou.
A ação ocorreu na última segunda-feira, 29 de março, na escola Ângelo Nascimento, ponto de encontro da comunidade. Para quem participou do vento ficou a lição de que o uso do coletor é mais saudável e vai prevenir o corpo de doenças como candidíase, câncer, cistos e policistos, além de colaborar com o meio ambiente, não jogando o absorvente sujo no lixo.
“Agora, temos condições de saber sobre a destinação do nosso fluxo”, disse Roberta Vale. E, não custa nada lembrar que a atriz Bianca Bin já declarou que usa o sangue do fluxo menstrual para regrar suas plantas. “Isso faz parte da cultura ancestral, quem sabe também poderemos fazer o mesmo”, brinca Roberta.
Texto: Selma Amaral
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								