Oficina promove conhecimento da legislação sobre direitos femininos e técnicas de Jiu-Jitsu para uso em casos de ameaça e agressão no lar e nos espaços públicos





“Eu tenho medida protetiva, então, eu achei uma oportunidade muito boa de aprender a como me defender, se algo acontecer fisicamente contra mim”. A afirmação é da estudante de 27 anos, Ana Brasil, participante da 1ª Oficina de Noções Básicas de Defesa Pessoal, promovida pela Secretaria Municipal da Mulher (SEMU), na manhã desta sexta-feira (16), no auditório da Escola de Gestão Pública (EGP), no bairro do Marco.
Junto com ela, mais 36 mulheres, parte inscritas via site da Prefeitura de Belém e outras oriundas do ParaPaz, o programa do Governo do Estado de promoção da cidadania para crianças, adolescentes, jovens e à mulher vítima de violência, receberam as primeiras instruções de como agir, caso sejam vítimas de agressão física.

“Eu trabalho com menores [de idade] infratores e a gente tem uma grande dificuldade de lidar com esses jovens, porque, para nós, mulheres, eles são muito agressivos. Então, eu vim aqui para aprender a me defender nessas situações que podem vir a acontecer, nunca aconteceram, mas podem vir a acontecer”, diz Walesca Trindade, 42 anos, monitora em uma unidade socioeducativa do Estado.
Para aprender as técnicas de defesa pessoal não há limite de idade, que o diga dona Ana Maria Lameira, de 61 anos.
“É muito importante [a defesa pessoal] para todas nós mulheres, e eu aprendi muito. É coisa que eu não posso perder, é um aprendizado diário, temos que aprender [a se defender] todos os dias. [A oficina] foi muito importante para mim”, relata a moradora do bairro do Guamá, região sul de Belém.
Dona Ana Maria também se referia à palestra da advogada e professora de Direito Penal, Larissa Miranda, que abriu a programação da oficina abordando os direitos da mulher e a legislação que a protege, como a Lei Maria da Penha.
Prevenção passa por identificação de riscos
A segunda parte da oficina foi ministrada pela campeã paraense e pan-americana de Jiu-Jitsu, Paula Alhadef, que pratica a arte marcial há 10 anos. Ela iniciou com a história da defesa pessoal, os conceitos básicos, mostrando possíveis situações de risco e como identificar tais casos.
“A mulher vai poder identificar as possíveis situações de risco, os possíveis locais e aprender como se desvencilhar, como se defender, como agir em tais situações. Aprender a importância do controle emocional, da consciência física e corporal. Também é muito importante mostrar para elas que qualquer pessoa, independente do peso, da idade, do físico, pode aprender uma arte marcial para se defender”, ressalta Paula.
Da teoria à prática, as participantes formaram duplas e passaram a simular situações de agressão, utilizando-se das noções básicas de defesa pessoal, como golpes de estrangulamento, de torções e de puxões, e modos de se desvencilhar do agressor, mirando nas partes mais sensíveis do corpo humano.

“Também que elas possam estar repassando todas essas instruções para os familiares, para as filhas, para as netas, para também compartilhar todo o conhecimento e aprendizado que elas possam estar adquirindo hoje”, conclui a campeã de Jiu-Jitsu.
A oficina de defesa pessoal é uma ação do projeto Força Feminina, integrado ao programa Belém Por Elas, desenvolvido pela Semu e vinculado às políticas públicas da Prefeitura Municipal.

“É um projeto que está levando para as comunidades essa formação de uma maneira que a gente possa fortalecer e empoderar as mulheres para esse enfrentamento [à violência], através dessas práticas de defesa pessoal, física e da reflexão também sobre a importância disso para que deixe a mulher mais segura de si, para que ela possa, diante de uma situação de risco, tenha como se defender”, informa a diretora de Promoção da Cidadania e Direitos da Mulher, da Semu, Danielle Christo.
- Texto: Álvaro Vinente