Pássaros da quadra junina da Prefeitura movimentam o Museu Goeldi no fim de semana

Na manhã deste domingo, 19, o espaço científico-cultural Alexandre Rodrigues Ferreira, localizado no Museu Paraense Emilio Goeldi, em Belém, foi palco de um dia muito especial na vida da pequena Kauana Lorena Martins, de apenas 6 anos. Kauana tinha uma grande responsabilidade, subir ao palco de um auditório completamente lotado para encenar o personagem principal durante a apresentação do grupo Cordão de Pássaro Tangara.

A apresentação fez parte da programação do Arraiá da Capitá – O maior São João da Amazônia, promovido pela Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), e levou dez grupos de pássaros para apresentar uma mistura de teatro, dança e música, envolvendo o público presente no espaço ao contar histórias que povoam o imaginário popular amazônico.

A primeira apresentação do dia foi do grupo junino Pássaro Tucano; seguido do grupo Cordões de Pássaro Colibri de Outeiro; Pequeno Guará; Bem-Te-Vi; Sábia; e, para encerrar a manhã, a pequena Kauana com o Cordão de Pássaro Tangara.

Kauana foi a última a se apresentar, mas a preparação começou ainda cedo, enquanto a mãe da menina, Heidi Martins, maquiava a filha com todo o cuidado. O amor da família Martins pelos pássaros juninos vem de longa data. Foi construído junto com a história de amor dos pais de Kauana, Gustavo e Heidi, e a menina é fruto dessa história. “Nós entramos juntos no grupo, no ano de 2000, tínhamos acabado de nos conhecer, e com o contato diário, eram ensaios todos os dias, acabamos começando a namorar”, conta Heidi.

De lá para cá já se vão quase 16 anos, o amor entre Gustavo e Heidi só cresceu, e pelos pássaros juninos também. “Já tentei participar de quadrilhas juninas, porque eu adoro dançar, mas meu amor pelos pássaros é maior, e não consigo deixar isso aqui”, afirma Heidi. Pelo visto, a paixão foi transmitida para Kauana, que é direta ao afirmar que se apresenta com o grupo “porque eu adoro o Tangará”.

“Pra gente é um orgulho. Nunca imaginamos que isso ia acontecer”, ressalta Gustavo Martins. A história da família Martins não é muito diferente da de tantos outros integrantes de grupos de pássaros juninos, conhecidos por manterem uma das maiores manifestações culturais do estado do Pará, através de uma tradição que passa de pais para filhos.

“Essa é uma manifestação única do Estado do Pará, que existe desde o século passado, e que a Prefeitura de Belém faz questão de preservar por se tratar de uma programação cultural tradicional do mês junino”, destaca a coordenadora da programação dos pássaros juninos, Nazaré Moraes.

Para o guardião do grupo Cordão de Pássaro Tangara, Agenor del Valle, iniciativas como a da Prefeitura de Belém, que dão espaço para que os grupos se apresentem e divulguem seu trabalho, são extremamente importantes para manter a tradição. “É muito importante, pois é a forma que temos para divulgar o nosso trabalho, que tem sim público. As pessoas gostam do espetáculo, e o poder público tem que tomar conta porque é um patrimônio nosso”, ressalta.

A programação começou ainda no sábado, 18, com a apresentação dos grupos Beija Flor; Cordão de Pássaro Tem Tem do Mosqueiro; O Uirapuru; e Pássaro junino Rouxinol. Nos dois dias de espetáculos os ingressos foram esgotados. A entrada foi franca.

“Foi a primeira vez que a gente veio, mas achei super legal, engraçado, as crianças entram na história e é bacana também para terem um primeiro contato com o teatro”, afirma Geisa Lobo, que junto com marido, Carlos, levou a filha Estela, de 1 ano e 8 meses, para assistir ao espetáculo. “Foi a primeira vez que ela veio, queríamos ver como ela ia se comportar, mas foi ótimo, ela gostou bastante, e queremos trazê-la ano que vem, já maiorzinha, para assistir novamente”.

O Arraiá da Capitá – O maior São João da Amazônia segue até o dia 26 de junho na praça Waldemar Henrique.

Texto: Kennya Corrêa

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