A ilha do Combu recebeu pela primeira vez a equipe do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) para o levantamento de áreas de risco geológico. O trabalho inédito na região insular de Belém está sendo realizado em parceria com a Comissão de Defesa Civil de Belém e com o apoio da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), por meio do Grupamento Fluvial, Polícia Civil e Defesa Civil Estadual. Iniciado na última sexta, 11, o trabalho pretende mapear todas as áreas da ilha em que o processo de erosão coloca em risco a segurança de seus moradores e visitantes.
O levantamento servirá como base para as ações desenvolvidas, em conjunto com outros órgãos governamentais, para a redução dos impactos causados pela ação da natureza e do homem, conforme explica a presidente da Comissão de Defesa Civil, Christiane Ferreira. “Neste primeiro momento, no Combu, além da área residencial incluímos também os locais onde há restaurantes e bares devido ao fluxo mais intenso de embarcações e pessoas nesta época do ano”, detalhou.
Se por um lado o aumento de turistas nas ilhas é motivo de felicidade para os comerciantes, para os moradores que dependem do extrativismo o vai e vem de lanchas é fonte de preocupação. Quem afirma é José Maria Pantoja, 74 anos. “Antigamente não faltava peixe e camarão. A mesa vivia cheia. Hoje, para conseguir meio quilo de camarão é uma dificuldade e peixe eu já nem procuro por aqui”, relatou.
A casa de José Maria está localizada em uma das áreas classificadas pelo CPRM como de alto risco geológico em razão do processo de erosão da encosta. O geólogo Lenilson Queiroz explicou que a erosão é um processo natural, mas que pode ser acelerado por ações humanas, como o corte da vegetação natural, o banzeiro provocado por embarcações e até mesmo pelas tubulações de descarte de água. No mapeamento, além de identificar as áreas de risco, são feitas sugestões de intervenções.
Além de subsidiar a tomada de decisões assertivas relacionadas às políticas de ordenamento territorial e prevenção de desastres, o trabalho serve também como subsídio para definição de critérios e disponibilização de recursos federais, destinados ao financiamento de obras de prevenção e resposta a desastres. “É como se fossemos os olhos do governo federal nesses territórios”, comparou o geólogo.
Mapeamento – Esta é a primeira vez que o CPRM realiza este mapeamento nas ilhas e distritos de Belém. Em 2012 e em 2106, a Companhia atuou na capital, porém, apenas na área urbana do município. Este ano, a pedido da Defesa Civil de Belém, a identificação das áreas de risco será feita em toda a cidade. A primeira etapa do mapeamento iniciou em fevereiro nos distritos de Mosqueiro e Outeiro. Na segunda etapa serão vistoriadas as 39 ilhas da cidade. A última parte do trabalho será a atualização do mapa da área urbana de Belém.
As setorizações de áreas de risco geológico são desenvolvidas em parceria com a Defesa Civil municipal, exclusivamente em regiões onde existem edificações, nas quais há permanência humana e cartografam áreas de risco alto e muito alto.
A identificação dessas áreas é feita em campo e se baseia na observação das características morfológicas do terreno, na identificação de indícios de instabilidade de taludes e encostas, no histórico de ocorrência dos eventos adversos de natureza geológica e no grau de vulnerabilidade das construções e de seus moradores.
Texto: Aycha Nunes
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								