Pequenos agricultores garantem a merenda das escolas municipais de Belém

Estudos já comprovaram que uma boa alimentação influencia diretamente no processo de aprendizagem das crianças e adolescentes. É por isso que a Prefeitura de Belém dedica grande parte de seus esforços a fornecer uma merenda de qualidade para os mais de 74 mil alunos que fazem parte da rede municipal de ensino. Merenda essa que já foi reconhecida nacionalmente, através do prêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar, recebido pela Prefeitura de Belém em 2013, e concedido pela ONG Ação Fome Zero.

O agricultor Marcos Cardoso, de 42 anos, talvez nem se dê conta, mas ele é um dos responsáveis pela eficiência e qualidade da merenda escolar fornecida nas escolas municipais da cidade. Marcos é um dos 158 agricultores familiares que fazem parte da Cooperativa Agropecuária dos Produtores de Belém (Copabel), responsável por fornecer hortaliças e frutas que compõem o cardápio da merenda escolar na capital, tais como couve, cebolinha, cheiro verde, feijão verde, cariru, chicória, alface, macaxeira, banana e limão, entre outros gêneros alimentícios.

“Eu amo trabalhar com a terra. É o que eu gosto de fazer. E a gente apostou em cima desse sonho de se desenvolver, crescer e ir em busca de novas oportunidades”, comenta o agricultor. Mas até bem pouco tempo atrás, a história era outra. Marcos chegou até a pensar em desistir do ofício.

O diretor comercial da Copabel e agricultor, Robson Silva, conta que assim como Marcos muito agricultores chegaram a ir embora de Cotijuba e desistir do trabalho agrícola. O motivo era a falta de perspectiva de melhorias. “Tem toda essa logística, a gente compra semente, adubo, trata a terra, paga trabalhadores, e depois, como tinha que passar por um atravessador pra chegar em Belém, não tinha um retorno financeiro”, relembra.

Moisés Alcântara Cardoso, de 55 anos, já havia até abandonado o trabalho como agricultor para montar um pequeno restaurante em Cotijuba. “Todo mundo já teria abandonado isso aqui se não fosse essa chamada pública da Prefeitura. Agora a gente vende nossos produtos por um preço justo”, diz o produtor rural, que voltou a trabalhar no antigo ofício.

A chamada pública a qual Moisés se refere, um processo que dispensa licitação, foi realizada pela Prefeitura de Belém em 2013 e beneficiou os agricultores familiares do município. A iniciativa faz parte do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que define as diretrizes para a alimentação nas escolas municipais. Com base na Lei nº 11.947, de 2009, foi estabelecido que 30% dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) devem ser utilizados para adquirir produtos provenientes da agricultura familiar.

“Foi algo que veio pra alavancar e dar outra expectativa de vida pra gente. Mudou a vida de todos nós pra melhor. Tinha muito agricultor que já tinha ido embora de Cotijuba porque não tinha expectativa de melhorias, e já até voltaram pra cá e estão acreditando no projeto”, afirma Robson, satisfeito com o empreendimento.

Como os produtos chegam às escolas? – Atualmente, grande parte da produção da Cooperativa Agropecuária dos Produtores de Belém é direcionada para a merenda das escolas municipais da cidade. Mensalmente, eles enviam para as escolas mais de 120 toneladas de alimentos. Entre eles, 12 toneladas de abóbora, 18 toneladas de banana, 6 toneladas de cariru, 6 toneladas de couve, 9 toneladas de macaxeira, 15 toneladas de laranja, 6 toneladas de feijão-verde.

Para as Unidades de Educação Infantil (UEIs), a Cooperativa Agropecuária dos Produtores de Belém (Copabel) recebe semanalmente os pedidos através da Fundação Municipal de Assistência ao Estudante (Fmae). A colheita dos produtos que vão ser enviados para a merenda das escolas municipais é dividida entre os agricultores, de modo que todos possam ser beneficiados. Após a colheita os produtos são levados para a sede da Cooperativa, onde é feita a primeira triagem e a pesagem.

Um barco fretado leva essa produção de Cotijuba até Icoaraci, onde um caminhão já aguarda a chegada da mecadoria, que será diretamente transportada para um depósito em Belém. Dali, os produtos são distribuídos para cada escola ainda no início da manhã, para que às 7h30, de toda segunda-feira, esteja na porta das unidades.

Com os produtos em mãos começa uma nova missão: a das merendeiras e merendeiros das escolas municipais. São eles que devem fazer com que o cardápio idealizado pelas nutricionistas da Fmae se torne um alimento saboroso, nutritivo e que agrade ao paladar dos pequenos.

Texto: Kennya Correa

Texto: Kennya Corrêa

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