O dia de hoje, 02 de Abril, é o Dia Mundial do Transtorno do Espectro Autista (TEA), definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007. O objetivo é conscientizar e chamar a atenção da sociedade para a questão do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Débora Rodrigues por quatro anos tentou engravidar e em 2010 deu à luz a kairos, hoje com 10 anos. Aos dez meses, ela percebeu limitações no desenvolvimento dele em relação às outras crianças da mesma faixa etária, como não sentar e não dormir bem à noite.
Por ter acompanhado o sobrinho, diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), surgiu o alerta do filho também ser autista e isso a fez procurar ajuda profissional. Atitude essa que não foi diferente com a filha Samilly, de 6 anos, que começou apresentar os sintomas a partir de um ano e dois meses. O primogênito foi diagnosticado com autismo severo e a menina com o moderado.
Os sinais a levaram buscar saber o diagnóstico do casal de filhos, que passou por uma equipe multidisciplinar, formada por terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, psicóloga e neuropediatra.
"Eu já esperava aquele resultado, meu coração de mãe já dizia, só precisava ouvir isso do médico. Quando recebi o laudo do diagnóstico do meu filho, eu chorei. Mas, em um determinado momento, olhei para o espelho e disse: chora tudo que tem pra chorar agora, pois amanhã começa uma nova etapa na sua vida", lembra.
A nova vida para Débora surgiu por meio do acesso à informação sobre o autismo, como formas de tratamento para ajudar no desenvolvimento da criança e, principalmente, vencer o preconceito. Para isso, conta que só o fato de terem espaços para falar sobre o tema “já é um passo importante para vencer as barreiras que diariamente são enfrentadas”.
"Muitas pessoas ainda acreditam que o autismo representa uma espécie de condenação sem volta e que o diagnóstico significa uma vida sem oportunidades. É exatamente esse tipo de desinformação e mito que alimenta o preconceito”, lamenta a especialista em TEA, psicóloga Diene Brandão.
Políticas públicas – O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, é sensível à necessidade de garantir os direitos às pessoas com deficiência e com autismo. Por isso, afirma que é preciso de mais políticas públicas “para que essas pessoas possam viver com dignidade, qualidade e tenham seus direitos respeitados. É importante dizer que pessoas diagnosticadas com TEA não são doentes, é uma pessoa especial. A deficiência impõe limitações, mas não é uma doença. Esse é o desafio”.
A Secretaria Municipal de Educação (Semec) desenvolve trabalho, que compreende a avaliação e o acompanhamento, através do atendimento educacional especializado junto às famílias das crianças com autismo.
Para isso, conta com o Centro de Referência em Inclusão Educacional Gabriel Lima Mendes (Crie), onde é posto em prática o programa "Proatea", que realiza atividades com crianças autistas junto à equipe multifuncional, formada por psicopedagogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudióloga para, coletivamente, trabalhar as áreas necessárias, visando desenvolver a criança com TEA.
Segundo a professora e coordenadora de Crie, Tatiana Maia, o espaço atua também na formação dos professores, por meio de parceria entre o órgão e Universidade Rural da Amazônia (Ufra), com o objetivo de fazer o aperfeiçoamento dos educadores das instituições de ensino municipal, promovendo cursos que tem duração de seis meses, trabalhando com as práticas pedagógicas, por meio da legislação, com vista a melhorar o atendimento às crianças com autismo.
O Crie foi criado em 2013 e inaugurado em 2015, com a missão de garantir os direitos dos alunos e suas famílias, para promover e fomentar a inclusão de alunos com deficiência, altas habilidades/Superdotação e Transtorno do Espectro do Autismo na rede de ensino municipal de Belém.
Atualmente, são 71 salas de recursos multifuncionais, equipadas e com professores especializados e monitores qualificados na rede de ensino que atendem mais de 2 mil alunos, tendo público alvo pessoas com deficiência – intelectual, física, motora, visual, múltipla, surdez, surdocegueira e deficiências relacionadas às síndromes genéticas – Down, Usher, Rett -, alunos com TEA – leve, moderado e severo -, e Altas Habilidades/Superdotação).
Para receber o atendimento na instituição especializada, a criança precisa estar matriculada em uma escola do município e, posteriormente, ser encaminhada para fazer acompanhamento com equipe multifuncional.
Texto: Danielle Bastos
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								