"Esse é o resgate de uma luta histórica dos movimentos sociais, especialmente do movimento negro, uma luta, finalmente, reconhecida e atendida pelo poder público. É um momento muito especial para todos nós”. Assim a titular da Coordenadoria Antirracista de Belém (Coant), Elza Rodrigues, definiu a assinatura da portaria que instituiu, oficialmente, o grupo de trabalho intersetorial que vai discutir ações e serviços para a atenção integral à saúde da população negra.
A assinatura ocorreu nesta sexta-feira, 19, na Unidade Municipal de Saúde (UMS) do Satélite, no Coqueiro, como parte do Novembro da Consciência Negra, programação promovida pela Prefeitura de Belém em alusão ao mês dedicado aos debates e luta em prol da população negra.
A Portaria nº 1.449/ 2021 foi assinada pelo secretário municipal de Saúde, Maurício Bezerra, em meio à programação que contou ainda com mesa-redonda, apresentações culturais e oficinas de tranças e turbantes.
Dentro do sistema público de saúde – “A Prefeitura de Belém está, finalmente, reconhecendo um direito da população negra da capital. Com essa portaria, vamos, enfim, discutir, de maneira específica, políticas públicas voltadas à saúde dessas pessoas. Fugimos um pouco do discurso da universalização da saúde, porque somos pessoas diversas, com constituições físicas diferentes. As especificidades precisam ser trabalhadas dentro do sistema público de saúde”, afirmou Elza Rodrigues.
O secretário municipal de Saúde, Maurício Bezerra, explicou que o grupo de trabalho vai discutir demandas da população negra não apenas na área da saúde, mas também em fatores que se refletem no segmento, como saneamento básico, lazer e educação.
“Isso é algo inovador. Pela primeira vez, há uma integração entre vários setores do governo para debater e estabelecer políticas públicas. Não é importante apenas dizer que não se é racista. É preciso praticar o antirracismo”, frisou.
Debates– A programação na UMS Satélite começou com a mesa-redonda A população negra na sociedade, um olhar a partir da atenção básica de saúde, que discutiu, com a participação de representantes de diversas instituições, temas como cotas raciais e as principais doenças relacionadas à população negra, entre elas a anemia falciforme, o diabetes e a hipertensão.
“Fatores socioeconômicos estão diretamente ligados à incidência dessas doenças sobre os negros, além de causas genéticas também. A população negra nem sempre consegue manter hábitos alimentares mais saudáveis, porque enfrenta mais dificuldades financeiras, já que tem menos oportunidades de empregos e menor poder aquisitivo”, assinalou a enfermeira Suenny Leal, da UMS Satélite.
A programação da manhã encerrou com uma apresentação do grupo Ponto de Cultura Magia da Toada, do conjunto Sevilha, que mostrou um compilado de danças regionais.
À tarde, os debates seguiram, com o tema Violência Contra a Mulher Negra, que abordou as leis Maria da Penha e do Feminicídio e a violência contra os corpos das mulheres negras. O poder das plantas medicinais também foi tratado na programação.
Texto: Luiz Carlos Santos
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								