A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), realizou neste sábado (08) o Dia D de Mobilização Nacional contra a dengue, zika e chikungunya, na Praça dos Estivadores. A ação educativa foi realizada de forma integrada, em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde e do Ministério da Saúde.
Foram realizadas atividades lúdicas e educativas da programação, como teatro de fantoches, jogos, maquetes e realidade virtual. A população também observou de perto demonstrações sobre as novas tecnologias implantadas no município para combater o mosquito, a exemplo das Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs) e as Ovitrampas; essas ferramentas são fundamentais no monitoramento e o controle do mosquito Aedes aegypti.
“Trata-se de um trabalho coletivo entre o profissional, o cidadão e a comunidade. A educação em saúde é fundamental porque vai muito além de repassar informações. Ela forma cidadãos conscientes e responsáveis pelo próprio bem-estar”, destaca Núbia Marques, profissional de endemias da Sesma há 15 anos e integrante do Núcleo de Educação em Saúde há quatro.
A população presente no evento foi orientada também sobre os serviços de vacinação disponíveis na rede municipal de saúde. Por exemplo, a vacina contra a dengue, indicada pelo Ministério da Saúde para o público de 10 a 14 anos, segue disponível nas Unidades Básicas de Saúde de Belém (UBS), com atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Quando necessário, essas unidades realizam o teste rápido de detecção da dengue nos casos suspeitos e orientando a população sobre os cuidados preventivos, como manter caixas d’água tampadas, eliminar criadouros e evitar o acúmulo de lixo e água parada.

Tecnologia presente no combate à dengue
O trabalho diário das equipes que combatem o mosquito da dengue foi evidenciado durante a programação. É o caso do agente de endemias Antônio Ézio, que é do distrito de Mosqueiro, em Belém (PA). Ézio é servidor há 12 anos e possui formação em informática. O profissional inovou ao integrar educação com um óculos 3D de realidade virtual, seu maior aliado para ilustrar o ciclo de vida de um mosquito Aedes aegypti.
“A tecnologia tem sido uma ferramenta muito eficaz para divulgar o nosso trabalho como agente de controle de endemias. Ela permite mostrar o ciclo da doença e o ciclo evolutivo do mosquito, o que ajuda bastante nas atividades, especialmente com as crianças. Elas passam a ter mais atenção e conseguem compreender melhor como o corpo reage à doença. Essa ferramenta tem sido revolucionária porque desperta o interesse e o entendimento tanto das crianças quanto dos adultos”, explicou Ézio.


A agente de combate às endemias, Leda Campos, é conhecida pelo trabalho criativo e educativo que desenvolve nas ações de sensibilização ambiental e de prevenção a doenças. Unindo ciência, arte e compromisso social, ela transforma conceitos complexos em maquetes e materiais visuais que ajudam a população a compreender a relação entre saúde e meio ambiente.
Um dos exemplos ilustrados é o ciclo de vida de um mosquito que sofre interferências dos efeitos climáticos e das ações humanas. Ou seja, se um ciclo de vida de um mosquito da dengue levaria sete dias para acontecer, por causa das queimadas e do desmatamento provocado pelo homem, é acelerado e acontece em apenas três ou quatro dias.
“Tenho muito amor pelo que faço. Cada maquete que preparo nasce com o desejo de despertar a consciência. Para esta ação, já que estamos em COP 30, fiz uma que mostra como as queimadas e o desmatamento aumentam o calor e aceleram o ciclo do mosquito. É uma forma simples, mas poderosa de explicar que o cuidado com o meio ambiente também protege a nossa saúde. Quando as pessoas entendem isso, percebem que tudo está ligado à natureza, ao clima e à vida de cada um de nós”, enfatiza.
Belém é referência nacional no combate à dengue
Desde o início da atual gestão, a Prefeitura de Belém tem ampliado o investimento na formação e qualificação dos agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de combate a endemias (ACE), fortalecendo as ações de vigilância, educação em saúde e controle de doenças. O programa de capacitação contínua, aliado ao uso de novas tecnologias, tem garantido mais eficiência nas vistorias de campo e no monitoramento das áreas de risco.
Belém se tornou referência nacional ao instalar mais de 4 mil Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs), armadilhas sustentáveis que eliminam larvas do mosquito, e Ovitrampas, dispositivos que permitem mapear regiões com maior potencial de infestação.
Graças a esse conjunto de medidas, a capital registrou redução de 59% nos casos de dengue em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a novembro de 2025, foram 813 confirmados e dois óbitos, segundo dados da Vigilância Epidemiológica de Belém.
“Entre as estratégias, a mais recente é a implantação das armadilhas EDL, desenvolvidas com apoio da Fiocruz e do Ministério da Saúde, que reduzem a população de mosquitos na cidade e combatem não só a dengue, mas todas as arboviroses. O objetivo é avançar ainda mais em biotecnologia. Após essa fase de diminuição dos mosquitos, devemos trazer, junto à Fiocruz e ao Ministério da Saúde, a tecnologia da Wolbachia, que poderá beneficiar não só Belém, como todas as cidades do Pará”, destacou o secretário municipal de Saúde, Rômulo Nina.

Crédito: Marza Mendonça


Histórias que ensinam com carinho
Entre as ações educativas da Secretaria Municipal de Saúde, o teatrinho de fantoches é uma das atividades mais queridas pelas equipes de Educação em Saúde. Com criatividade e sensibilidade, servidoras da Sesma dão vida a personagens que ajudam a explicar, de forma lúdica e divertida, a importância de combater o mosquito da dengu.
A agente Ana Rosa Banassuly, conhecida carinhosamente como Paulinha, faz parte da Coordenação de Educação em Saúde do Distrito DAICO — e fala com orgulho sobre o projeto: “É uma alegria participar dessas ações. O teatro é uma ferramenta de aproximação com as crianças e ajuda a transformar conhecimento em atitude.”
No enredo preparado pela equipe, o público conhece Juquinha, o menino levado que joga lixo no chão e acaba atraindo a temida Mosquita da Dengue. A personagem é interpretada por Silvia Nunes, que explica com bom humor: “Juquinha é aquele garoto curioso, mas que ainda está aprendendo. Ele mostra que pequenas atitudes erradas — como deixar vasilhas com água parada — podem trazer grandes problemas.”
Já Lili, vivida por Gerlene Monteiro, é a amiga que tenta colocar o Juquinha no caminho certo. “Lili representa as crianças que entendem o recado e ajudam os amigos a cuidar do ambiente. É um jeito divertido de ensinar e de inspirar mudanças”, conta Gerlene.
As apresentações teatrais, criadas e desenvolvidas pelas próprias servidoras, fazem parte das ações educativas da Sesma nos distritos, levando informação e reflexão para escolas, feiras de saúde e comunidades.

Nesta ação específica, a equipe do DAICO participou apresentando o material e os personagens do teatro de fantoches, reforçando o compromisso da SESMA com a educação em saúde como ferramenta transformadora de comportamento e cuidado coletivo.