Prefeitura de Belém é parceira de projeto da UFPA que leva ação de saúde para trabalhadoras do sexo

“É muito importante cuidar da saúde, se prevenir. Por isso fiz questão de participar hoje. Minha vida vale mais que qualquer coisa”. Foi com essa disposição que Fernanda Teixeira, 22 anos, trabalhadora do sexo, chegou ao 1° Arraial da Saúde, do projeto Saúde para Elas, uma parceria entre a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), e o Laboratório de Virologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).

A ação ocorreu durante toda esta sexta-feira, 24, na boate Paraíso, bairro da Campina, área central para trabalhadoras do sexo e outras mulheres em situação de vulnerabilidade para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), um dos públicos atendidos pelo projeto.

Pesquisa – Com apoio das Referências Técnicas em IST/Aids e Hepatites Virais e de Saúde da Mulher, além do Consultório na Rua, da Sesma, foram oferecidos serviços como consulta de enfermagem, avaliações médica e odontológica, teste de glicose e rápidos para HIV, sífilis e hepatites B e C, aferição de pressão arterial e o exame Preventivo do Câncer do Colo de Útero (PCCU).

“Trata-se de um projeto de cunho científico, que tem como objetivo fazer, durante 18 meses, o rastreio de infecções transmitidas pelo sexo entre as populações consideradas mais vulneráveis, de acordo com os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, explicou o coordenador do Saúde para Elas, Luiz Fernando Machado, professor titular do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA.

O projeto Saúde para Elas ocorrerá mensalmente, sempre em locais com grande concentração de trabalhadoras do sexo. Cerca de 300 pessoas devem participar da pesquisa, que vai acompanhar desde os exames iniciais até a fase de tratamento, no caso de pessoas diagnosticadas com algum mal.

Parceria – O coordenador da Referência Técnica em IST/Aids e Hepatites Virais da Sesma, Edgar Barra, diz que o projeto vem de encontro às estratégias de prevenção preconizadas pelo município.

Ciência e políticas públicas – “Apoiamos integralmente as iniciativas da ciência e firmamos de imediato a parceria, pois esse trabalho integrado também fomentará a elaboração de políticas públicas voltadas a esses públicos”, assinalou o coordenador.

Momento certo – Para quem não tem oportunidades, foi o momento certo para cuidar da saúde. É o caso de Shirley Martins, 41 anos, que sempre morou na rua. “Nunca fiz o exame preventivo, então quando soube que teria aqui, vim aproveitar”, contou ela, que atualmente é acolhida na Casa Rua, unidade especializada da Sesma voltada ao atendimento de pessoas em situação de rua.

Prevenção – Tânia Carvalho, 47 anos, que há 20 anos mora nas ruas de Belém, também fez pela primeira vez o PCCU. “Gostei muito de saber que teria esta ação hoje aqui. Como estou sendo atendida na Casa Rua, é perto pra mim. Eu sempre quis cuidar da minha saúde, mas nunca dei muita atenção, porque passo a maior parte do meu tempo correndo atrás da minha sobrevivência”, contou.

Chance de se cuidar – Para Fernanda Teixeira, que há dez meses trabalha como profissional do sexo, o projeto Saúde para Elas é a chance que muitas mulheres têm de se cuidar. “Sei que muitas meninas deixam de ir ao médico com medo de descobrir alguma doença, mas não penso assim. Quando mais cedo eu souber se tenho algo, mais chances tenho de viver bem”, concluiu.

Texto: Luiz Carlos Santos

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